Michelin foca em valor agregado para ganhar terreno no agronegócio

A empresa projeta um aumento de 10% a 15% nas vendas durante a edição de 2025 da Agrishow, refletindo o otimismo moderado que predomina no setor

Aline Feltrin

Em meio a um cenário de retomada gradual no agronegócio, a Michelin aposta em inovação e valor agregado para ampliar sua presença no setor. Durante a Agrishow 2025, principal feira de tecnologia agrícola da América Latina, que acontece de 28 de abril a 2 de maio em Ribeirão Preto (SP), a fabricante francesa de pneus apresenta novos produtos para o transporte de cargas e veículos agrícolas, destacando soluções que prometem ganhos operacionais e redução de custos — prioridade absoluta dos produtores rurais após dois anos de crédito restrito e margens mais apertadas.

“A expectativa da Michelin é crescer em todas as suas linhas de negócio, incluindo caminhões e máquinas agrícolas. O setor está retomando os investimentos, ainda que com foco total na eficiência”, afirma Daniel Braz, diretor de marketing da Michelin. Segundo ele, o produtor rural continua disposto a investir, mas prioriza tecnologias que impactem diretamente os custos da operação.

No estande da empresa, um dos destaques é o pneu Michelin Energy, desenvolvido para caminhões que atuam no transporte de insumos e colheitas. A principal proposta do produto é a economia de combustível, que pode chegar a até 8% dependendo da operação, além de alta durabilidade e robustez. “É uma solução que vai além da resistência. Fazemos testes práticos no campo do usuário e mostramos como o pneu ajuda a reduzir os gastos com diesel, que ainda é um dos maiores custos do transporte rodoviário”, diz Daniel Braz.

Outra novidade apresentada na feira é a nacionalização da produção do pneu agrícola TRAILXBIB que equipa caminhões adaptados usados, por exemplo, no escoamento da cana-de-açúcar. A tecnologia embarcada — conhecida como Ultra Flex — permite trabalhar com baixíssima pressão nos pneus, o que reduz a compactação do solo, aumenta a tração e melhora a eficiência no consumo de combustível. O pneu, que era importado, passará a ser produzido na fábrica da Michelin no Brasil a partir do fim deste ano. “Esse investimento local só faz sentido porque acreditamos na retomada do agro. É um sinal claro de confiança no potencial do setor”, ressalta Pedro Fernandes, executivo da área comercial para pneus fora de estrada.

A fabricante também aproveitou a Agrishow para anunciar o lançamento de um novo pneu para picapes — segmento bastante representativo entre produtores rurais. O produto, da marca norte-americana BFGoodrich, que pertence ao Grupo Michelin, será oficialmente apresentado durante o evento e promete atrair a atenção de um público do agro apaixonado por picapes.

Segundo a companhia, o pneu foi desenvolvido para quem enfrenta terrenos off-road, o All-Terrain T/A KO3 alia durabilidade, tração e resistência, qualidades essenciais para o dia a dia na fazenda, nas trilhas e nas estradas.

Negócios em expansão

Apesar do ritmo ainda moderado de expansão do agronegócio, os executivos da Michelin enxergam o atual momento como parte de um ciclo sazonal típico do setor. “Mesmo com o recuo em relação aos anos de pico, como 2021 e 2022, o patamar atual ainda é superior ao de cinco ou seis anos atrás. Isso mostra que o mercado continua forte”, avalia Braz.

A empresa não divulga os números de negócios fechados durante a Agrishow, mas estima um crescimento de 10% a 15% nas vendas na edição de 2025 em comparação com o ano passado, acompanhando o otimismo moderado observado também entre seus parceiros e clientes.

Segundo Braz, para além das vendas diretas, a presença na Agrishow reforça o posicionamento da Michelin como fornecedora de soluções completas, alinhadas às necessidades do agronegócio moderno: redução de custo por quilômetro rodado, menor impacto ambiental, mais produtividade no campo e maior vida útil dos equipamentos.

BFGoodrich All-Terrain T/A KO3 (Divulgação)

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