JSL lança plataforma digital para aumentar eficiência e retomar ao segmento de carga geral

O objetivo é reduzir deslocamentos vazios, acelerar entregas e aumentar a produtividade das operações

Valeria Bursztein

Após dois anos de pesquisa e desenvolvimento, a JSL lança oficialmente a JSL Digital, unidade de negócios voltada à digitalização da gestão de transporte. A nova plataforma também marca a retomada da companhia ao segmento de carga geral, o mesmo que impulsionou o início da operação da empresa há 70 anos.

A JSL Digital surge com funcionalidades que visam otimizar o transporte de cargas, incluindo contratação, rastreamento, comprovação de entrega e pagamento. O objetivo é reduzir deslocamentos vazios, acelerar entregas e aumentar a produtividade das operações. A plataforma, que ainda está em fase de implementação, será gradualmente expandida para as operações das oito empresas adquiridas pela JSL nos últimos anos, com a previsão de que até junho de 2025 todos os processos já estejam integrados. Atualmente, mais de 200 mil transportadores estão homologados na plataforma.

De volta à carga geral

Focada no transporte de cargas menos complexas, a nova solução representa um retorno a um modelo que, atualmente, compõe apenas 5% das operações da JSL, mas que já foi a totalidade da empresa em seus primeiros anos. “O que chamamos de carga geral, o transporte da origem A para o destino B, foi 100% da nossa operação quando a empresa nasceu. Hoje, representa algo em torno de 5%”, afirma o CEO da JSL, Ramon Garcia de Alcaraz.

Segundo o executivo, à medida que a empresa diversificou sua atuação, passou a oferecer serviços mais sofisticados e segmentados. “A estratégia foi evitar o que era simples, pois a concorrência nesse segmento era muito grande. Hoje, com a JSL Digital, estamos retomando e já começamos a crescer novamente. Acreditamos que em pouco tempo conseguiremos não só voltar ao que éramos antes, mas ser ainda maiores”, destaca Alcaraz.

Combate à ineficiência logística

Para Alcaraz, o principal potencial da JSL Digital está na redução da ineficiência do sistema logístico nacional, estimada em cerca de 30%. “Imagine o custo de ter 30% de caminhões a mais do que é necessário. O Brasil possui cerca de 2,5 milhões de caminhões, ou seja, 800 mil veículos a mais do que precisaríamos”, argumenta o CEO.

Com a plataforma, a JSL Digital promete conectar embarcadores, transportadores e caminhoneiros de forma mais ágil e precisa. “Estamos no começo dessa jornada, mas já desenvolvemos uma ferramenta que conecta oferta e demanda de forma totalmente digital. Em breve, todos os motoristas com caminhões adequados, que atendam aos requisitos de segurança, serão selecionados automaticamente para as viagens”, detalha Alcaraz.

Além disso, a plataforma permite que, após o aceite do motorista, o destino seja notificado com previsão de chegada e dados do veículo. Isso promete minimizar filas, perdas e, claro, a ineficiência no sistema logístico. “Os motoristas também poderão ser encaminhados para novas viagens, garantindo uma carga de retorno já no destino”, acrescenta.

Ganhos além do frete

De acordo com o CEO da JSL, o grande diferencial da plataforma não está apenas em tornar o frete mais competitivo, mas em gerar ganhos de eficiência operacional. “O que vemos hoje são licitações e concorrência, mas a margem no frete é pequena. Imagine o ganho de eficiência se conseguirmos aumentar em 10% ou 15% a operação? Esse é o verdadeiro potencial da JSL Digital — a oportunidade de interligar todas as pontas e otimizar a operação”, diz Alcaraz.

Escalabilidade e segurança

Com a expectativa de escalar rapidamente a operação, a JSL Digital foi projetada para integrar todos os agentes da cadeia logística. “O limitante não é a tecnologia, mas garantir que o ambiente seja seguro para as informações dos clientes. Estamos trabalhando para isso”, afirma o CEO. As operações envolverão a frota própria da JSL, agregados e também terceiros. Inicialmente, a plataforma será aplicada em cargas de menor complexidade, que exigem menor gerenciamento de risco, com o objetivo de, no futuro, integrar também operações mais complexas.

A diferença está na tecnologia

Alcaraz acredita que o transporte de cargas continuará sendo semelhante ao modelo atual, mas com uma grande diferença: a tecnologia aplicada para viabilizar maior eficiência. “Veja o exemplo do Mercado Livre, nosso cliente. Eles realizam o transporte de carga de forma tradicional, mas desenvolveram uma tecnologia capaz de linkar a demanda com a oferta de forma muito eficiente”, observa. “A JSL Digital tem o mesmo objetivo: entender como fazer melhor e mais eficiente, buscando sempre inovação.”

A JSL (JSLG3), que possui empresas como Fadel, TPC, Transmoreno, Rodomeu, Marvel, IC Transportes, FSJ Logística e TruckPad, totaliza 23,1 mil ativos, 84 centros de distribuição e 1,4 milhão de m² de área de armazenagem.

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