Braspress Air Cargo recebe aval da Anac para iniciar operações

Com investimento inicial de R$ 40 milhões, empresa aposta na integração entre modais aéreo e rodoviário para ampliar capilaridade, reduzir prazos e garantir mais segurança nas entregas

Aline Feltrin

A tradicional transportadora de carga fracionada Braspress deu um passo estratégico na ampliação de sua malha logística com o início oficial das operações da Braspress Air Cargo, sua nova divisão aérea. A companhia recebeu autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar voos comerciais de carga, após investimentos que já somam R$ 40 milhões.

A nova unidade foi concebida para reforçar a eficiência logística da empresa por meio da integração entre os modais rodoviário e aéreo. Parte dos recursos foi destinada à aquisição de três cargueiros Boeing 737-400, dois dos quais já estão em operação. O terceiro deve ser incorporado à frota até o fim do ano.

Segundo Urubatan Helou, presidente da Braspress, o projeto representa uma aposta no futuro da logística brasileira, com foco em velocidade, confiabilidade e flexibilidade. “Com a Air Cargo, queremos oferecer um serviço de alta performance para cargas de alto valor agregado e baixo peso, como eletrônicos, medicamentos e peças de reposição. Estamos unindo o que há de melhor nos dois modais para atender às crescentes exigências do mercado”, afirma.

A malha aérea inicial cobre rotas entre São Paulo, Recife e Manaus, com voos diários. A empresa já planeja expandir o alcance geográfico conforme a demanda e a maturação da operação. “Nosso modelo rodoaéreo oferece um diferencial competitivo: o caminhão coleta na origem, o avião cobre grandes distâncias e, na ponta final, outro caminhão realiza a entrega. Tudo isso com rastreamento em tempo real e total integração entre os sistemas”, explica Helou.

A escolha pelo Boeing 737-400 se deu em razão de sua capacidade de transportar até 20 toneladas e seu alcance de 3 mil quilômetros, adequando-se bem às longas distâncias do território nacional.

Reduação do roubo de carga

Além da agilidade e do ganho operacional, a operação aérea também contribui para reduzir riscos logísticos, como o roubo de cargas — uma preocupação recorrente no modal rodoviário. “Claro que esse é um fator relevante, mas o principal motivador é a eficiência. Com a Air Cargo, podemos realocar cargas para o modal aéreo sempre que for logisticamente e economicamente vantajoso. Isso nos dá liberdade e flexibilidade para oferecer a melhor solução para cada cliente”, destaca o executivo.

A iniciativa também resgata um capítulo da trajetória da empresa. “Nos anos 1970, fizemos o movimento contrário: retiramos cargas do modal aéreo para apostar no rodoviário, com prazos competitivos e custos mais baixos. Agora, com a Air Cargo, integramos os dois mundos”, relembra Helou.

A rota Campinas-Manaus, em especial, desponta como estratégica para o setor, ao conectar o maior polo industrial do país à Zona Franca de Manaus. De um lado, viabiliza o transporte ágil de produtos manufaturados; do outro, facilita o escoamento de insumos e produtos acabados do Norte para o Sudeste.

Maria Fan, diretora comercial do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, destaca o momento favorável do setor aéreo de cargas domésticas. “A parceria com a Braspress Air Cargo vem em boa hora. Ela fortalece o corredor logístico entre duas regiões altamente industrializadas e amplia nossa capacidade de atendimento ao mercado interno”, afirma.

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