DAF prevê mercado de caminhões estável em 2025

O aumento da taxa de juros, a desvalorização cambial e o reajuste no preço dos combustíveis são fatores fundamentais para definir como será o desempenho do setor neste ano, segundo a montadora

Sonia Moraes

A DAF mantém uma visão otimista para o mercado de caminhões e estima que 2025 seja um ano estável com volume igual a 2024, devido ao aumento da taxa de juros, reajuste no preço dos combustíveis e desvalorização cambial. “Esses três fatores serão fundamentais para definir como será o desempenho do setor neste ano”, afirmou Luís Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões, em entrevista à Transporte Moderno.

“Os clientes estão com muito trabalho e otimistas em relação ao ano, mas preocupados com a taxa de juros elevada, que impacta seu fluxo de caixa e exige habilidade para renegociar e repassar os custos ao preço final. Além disso, a alta no preço do combustível, que representa de 40% a 50% na planilha de custo, também é uma preocupação”, disse Gambim.

Para o diretor da DAF, o momento é de cautela e, mesmo com a expectativa positiva de uma safra recorde que o Brasil terá este ano, há os desafios climáticos, de logística e de infraestrutura para o escoamento da produção. “Em janeiro, o mercado de caminhões enfrentou desafios em relação à elevada taxa de juros e teve um leve crescimento. Agora temos que aguardar como vai se comportar fevereiro e março, pois são meses fundamentais para termos visibilidade de como será o ano de 2025”, afirmou Gambim.

Encomendas

A DAF tem uma carteira de pedidos relevante construída na Fenatran. “As encomendas estão bem pulverizadas ao longo dos meses e conforme a capacidade de produção. Isso nos traz maior facilidade no planejamento de importação de peças e visibilidade aos fornecedores”, disse Gambim.

A maioria das encomendas é do setor agrícola, mas, segundo Gambim, a indústria é o segmento que está com mais pujança e mais relevância neste momento. Entre os seus modelos de caminhões, os destaques em 2025, são o XF FTT 530 6×4, que ficou em segundo lugar no ranking de emplacamento dos pesados, e o XF FTS 480 6×2, que ficou em sexto lugar entre os mais emplacados. No segmento de semipesados, o CF FAS 310 cv, que tem três anos de mercado, ficou em oitavo lugar em vendas. “Esse caminhão tem cabine premium com muito conforto e vem tendo boa receptividade, crescendo ano a ano”, comentou.

Crescimento maior em 2025

Em 2025, a DAF mantém firme seus planos de ampliar a participação no mercado de caminhões de forma consistente e pretende crescer mais. Para atingir essa meta, aposta no segmento de mineração e de construção e no seu novo modelo, o CF Trator rodoviário, versões 4×2 e 6×2 com motor PACCAR PX9 apresentado na Fenatran. “O setor de mineração é importante porque ajuda na absorção de vendas de peças e serviços, o de construção tem demanda porque o Brasil precisa muito de infraestrutura e para o segmento de 9 litros já temos pedidos em carteira do CF rodoviário e vamos começar a entregar a partir de maio”, revelou Gambim.

Em 2024, a DAF oferecia três opções de motores: 7, 11 e 13 litros. No entanto, a partir de 2025, a montadora fará uma mudança em sua linha de propulsores, descontinuando o motor de 11 litros e introduzindo uma nova opção de 9 litros. Com isso, a oferta passará a incluir motores de 7, 9 e 13 litros. “Vamos enquadrar o nosso caminhão em uma nova faixa de preço e tornar o modelo mais competitivo com algumas montadoras. Além disso, o veículo acaba sendo mais adequado para algumas operações que demandam grande volume de vendas”, explicou Gambim.

Expansão da fábrica de Ponta Grossa

No planejamento industrial, a DAF vai expandir a capacidade da fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, projeto anunciado no ano passado na Fenatran. “Vamos abrir espaço para aumentar a capacidade produtiva e melhorar ainda mais a qualidade de entrega dos produtos, além de nos preparar para uma capacidade maior no futuro. As obras já começaram e, até o fim do ano, o processo de ampliação da fábrica, dos escritórios e dos refeitórios estará concluído”, disse Gambim.

Hoje, a fábrica de Ponta Grossa produz em um turno 50 caminhões por dia. O diretor afirmou não ter estimativas de quanto será possível ampliar a produção, pois o aumento de volume depende da demanda do mercado. “Isso é muito subjetivo, se coloca mais equipamentos ou mão de obra, pois temos várias opções, até de utilizar o segundo turno”, afirmou Gambim.

Também faz parte da estratégia de crescimento a expansão da rede de concessionárias, hoje formada por 16 grupos econômicos com 70 pontos no país. “Aumentamos bastante a cobertura nacional e temos planos de crescimento agressivo até o fim de 2026”, disse Gambim.

Em 2025, a DAF terá mais 10 pontos de atendimento e a primeira ação começa nesta semana com a inauguração de uma concessionária em Araraquara, Araçatuba, no interior de São Paulo, e em Três Lagoas (MT). Em Rondonópolis (MT) realocou a concessionária para um espaço maior.

Para garantir o atendimento com qualidade, a montadora mantém em Ponta Grossa a DAF Academy, escola dedicada ao treinamento e capacitação dos profissionais da rede de concessionários. “Em 2025 vamos abrir a segunda escola para aumentar a oferta de treinamentos na cidade de Jacareí (SP). Além da estrutura do Senai, o local tem bom fluxo logístico por estar próximo do aeroporto de Guarulhos, o que facilita a chegada de peças”, disse Gambim.

O diretor destacou que será preciso aumentar de forma acelerada o número de técnicos para atender o aumento da frota circulante da DAF país, que hoje é de 45 mil veículos. “Em 2025, esse número vai aumentar mais 10 mil e, em 2026, avançará mais, chegando em quatro anos a 100 mil veículos rodando nas estradas brasileiras.”

Resultados de 2024

Em 2024, a DAF encerrou com 10.600 caminhões produzidos – o maior volume desde que chegou ao Brasil em 2011 – e 9.624 veículos emplacados, 15,3% a mais do que em 2023, o que lhe garantiu 9,9% de market share.

“Fechamos o ano passado com uma quantidade significativa de caminhões e isso nos deu oportunidade de gerar uma carteira de pedidos para 2025, tendo uma parte faturada em novembro e dezembro de 2024, com nível de conversão acima de 70%”, revelou Gambim.

Na área de peças, a PACCAR Parts, alcançou recorde de faturamento no ano passado, com valor próximo de R$ 1 bilhão, com a venda de peças originais e TRP (peças multimarcas). A PACCAR Financial teve o seu maior resultado da história, com 46% de participação nas vendas de caminhões da DAF, e a área de manutenção (PMS) garantiu 50% de participação nos negócios fechados pela montadora. “Isso demonstra que o cliente quer fazer o serviço dentro de casa, mas, ao mesmo tempo, traz grande responsabilidade para a rede de concessionária de oferecer um serviço premium, de ter estrutura e estoque de peça adequados para atender o cliente na hora certa, além da contratação maior de técnicos”, destacou o diretor.

Sobre as exportações, Gambim afirmou que, no momento, os países da América Latina estão sendo atendidos pela Europa. “A DAF tem várias concessionárias na região e deve anunciar a abertura de novos dealers em três países. Essa é uma estratégia fundamental para que a empresa passe a atender esses mercados por Ponta Grossa, por isso estamos ampliando a fábrica.”

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