Joyce Bessa, diretora de estratégia e gestão da Transjordano: “A infraestrutura do Brasil ainda não acompanha o crescimento da safra de grãos. A concentração de origens e destinos cria gargalos logísticos, o que pode aumentar o tempo de viagem.”

O agronegócio representa 20% do volume de carga movimentada pela transportadora e operadora logística de Paulínia (SP). Para garantir eficiência no transporte de grãos, a empresa ampliou a frota e investe em tecnologias, como as que ajudam a reduzir o consumo de combustível

Nem caminhões a gás e nem caminhões elétricos, algumas transportadoras e operadoras logísticas estão ‘apostando as fichas’ em uma gestão operacional e financeira mais eficiente para cumprirem suas metas de descarbonização

Aline Feltrin

Transporte Moderno – Como a Transjordano está se preparando para a supersafra de grãos 2025?

Joyce Bessa – Ainda não começou a supersafra, estamos com uma baixa de produto no momento. Porém, já fizemos investimentos no ano passado, expandindo nossa frota e criando estratégias para atender a essa demanda crescente. Temos agilidade nas operações e parcerias fortes no agronegócio, o que nos coloca em uma boa posição.

Transporte Moderno – Além do aumento da frota, como vocês estão se preparando em termos de tecnologia e treinamento?

Joyce Bessa – No ano passado, investimos mais de R$ 150 milhões em equipamentos novos, que são mais modernos e eficientes, com tecnologias que ajudam a reduzir consumo de combustível e emissões. Além disso, estamos mapeando as origens e destinos mais relevantes para a safra, contratando motoristas e ampliando nossa estrutura, como a filial em Rondonópolis, no Mato Grosso.

Transporte Moderno – O Brasil ainda enfrenta desafios estruturais, como gargalos logísticos. Quais são os principais problemas que a Transjordano enfrenta no escoamento da safra?

Joyce Bessa – A infraestrutura do Brasil ainda não acompanha o crescimento da safra. A concentração de origens e destinos cria gargalos logísticos, o que pode aumentar o tempo de viagem, que de dois dias pode passar para três ou quatro. Além disso, as estradas e os pontos de escoamento, como os portos, são um grande desafio. Para mitigar isso, usamos tecnologias como o centro de controle operacional para monitorar e otimizar as rotas e os tempos de carga e descarga.

Transporte Moderno – E você consegue medir a eficácia dessas estratégias? Já é possível reduzir os impactos negativos dessa infraestrutura deficiente?

Joyce Bessa – Sim, conseguimos aumentar nossa produtividade em cerca de 10%. Usamos operações mais eficientes, como a operação itinerante, onde os motoristas trocam de veículos para evitar ociosidade e reduzir o tempo de espera.

Transporte Moderno – Mas essas soluções são suficientes para superar os gargalos estruturais?

Joyce Bessa – Não, infelizmente não conseguimos superar tudo. Se a fila de descarga for de cinco dias, vamos ficar na fila. A solução exige ações mais amplas, como melhorias estruturais nos portos e estradas, o que depende de investimentos do governo.

Transporte Moderno – Como essas soluções impactam na negociação do frete com os clientes? Isso ajuda na fidelização?

Joyce Bessa – Com certeza. Ao oferecer soluções personalizadas, como horários de operação mais flexíveis e trocas de motoristas, conseguimos agregar valor ao serviço. Isso não só fideliza os clientes como também atrai novos negócios.

Transporte Moderno – E quanto à questão da falta de motoristas? Como vocês estão lidando com isso?

Joyce Bessa – Nós temos nos preparado para isso. Já temos nossa equipe de motoristas completa e investimos em capacitação. Em março, teremos um programa de capacitação específico para motoristas mulheres, o que é um diferencial importante para nós.

Transporte Moderno – Qual é a participação do setor de agronegócio nas operações da Transjordano?

Joyce Bessa – Hoje, o agronegócio representa 20% do nosso volume, mas isso tem crescido. No ano passado, era cerca de 12%. Esperamos um aumento significativo, já que fizemos investimentos para atender a essa demanda crescente.

Transporte Moderno – Qual a projeção de crescimento do faturamento para este ano?

Joyce Bessa – Devemos crescer em torno de 23% em relação ao ano passado, com o agronegócio sendo um dos principais responsáveis por esse aumento.

Transporte Moderno – A empresa enfrentou ou enfrenta dificuldades no processo de compra de caminhões para a supersafra, com relação a preço ou prazo de entrega?

Joyce Bessa – Não, fizemos nossas compras no ano passado, o que nos permite estar preparados para este ano. Normalmente, fechamos as compras no segundo semestre, o que nos garante preços melhores e melhores condições de financiamento.

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