A Volvo projeta uma queda de 10% para o mercado de caminhões em 2025 devido aos desafios relacionados a questões econômicas do país, como a taxa de juros elevada, desvalorização cambial e o desequilíbrio fiscal. “A economia se move por expectativas e no começo do ano tínhamos expectativas positivas, inclusive com as promessas do governo em relação à responsabilidade fiscal, mas isso foi se deteriorando e o governo tem uma postura dúbia em relação a esse assunto”, disse Wilson Lirmann, presidente da Volvo na América Latina, durante o evento realizado em São Paulo, onde apresentou as perspectivas para 2025.
Diante do cenário de instabilidade, a Volvo já começa a perceber certa cautela dos transportadores em relação a novas compras de caminhões. “A Fenatran foi muito positiva e conseguimos construir uma carteira robusta de pedidos, mas no final de dezembro e começo deste ano começamos a ter suspensão e cancelamentos dessas compras acima do esperado devido a elevada taxa de juros”, revelou Alcides Cavalcanti, diretor-executivo da Volvo Caminhões.
“Além de não conseguir repassar o aumento da taxa de juros para o frete, ainda teve o reajuste importante do diesel. Isso são fatores que pesam negativamente para o transportador na hora da renovação da frota.”
Segundo Cavalcanti, do total de pedidos fechados durante a Fenatran a Volvo conseguiu entregar e faturar 30% e tem 30% entre cancelado e suspenso e outros 30% os clientes estão pedindo para adiar a compra que estava programado para janeiro e fevereiro. “O empresário está inseguro devido à alta do câmbio e da taxa de juros que causam instabilidade no seu negócio.”
Fatores positivos
Apesar dos desafios, o diretor da Volvo está confiante de que o mercado de caminhões possa reagir e terminar o ano com um resultado melhor, impulsionado pelas boas perspectivas de outros setores. “Assim como o segmento de cana, o florestal está promissor neste ano, com muitos projetos em andamento. E o setor de mineração também está indo bem, mas temos que avaliar qual será o impacto da tarifa de importação que os Estados Unidos estão impondo ao aço”, disse Cavalcanti.
O presidente da Volvo citou como fator positivo para 2025 o nível de emprego, que continua elevado, e o bom desempenho da indústria e do agronegócio, que tem perspectiva de atingir patamar recorde em torno de 320 milhões de toneladas de grãos. “Já vemos uma movimentação crescente de safra no Brasil, assim como os setores exportadores de papel e celulose, que continuam fortes e com projetos de expansão de produção.”
Como ponto de atenção, o presidente da Volvo mencionou que a taxa de juros elevada é um fator importante para os negócios, pois freia a economia e tem um impacto para o transportador de carga e pessoas. “Mas o desequilíbrio fiscal é sem dúvida o maior desafio para a nossa economia, exige muita atenção, não caminha bem e criou uma volatilidade desnecessária para o câmbio no final do ano passado”, destacou Lirmann.
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