Frasle Mobility investe R$ 17 milhões para reduzir emissões de poluentes no processo produtivo

A implantação de um sistema de geração de calor que substitui gás natural por biomassa, contribuirá para a meta do Grupo Randoncorp de reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa até 2030

Aline Feltrin

De Caxias do Sul (RS)

A Frasle Mobility, fabricante de componentes de fricção do Grupo Randoncorp, inaugurou na sua unidade fabril em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, um sistema mais sustentável para a geração de calor necessário no processo de prensagem das pastilhas e lonas de freio. Esse sistema substitui o uso de gás natural por lasca de madeira, uma biomassa alternativa aos combustíveis fósseis. Ao ser queimada ou convertida em energia, essa biomassa libera dióxido de carbono (CO₂), mas, ao ser emitido, o gás é absorvido pelas árvores, tornando o processo neutro em emissões de carbono no ciclo natural.

Para implantar o sistema, batizado de “caldeira verde”, a empresa investiu R$ 17 milhões. De acordo com estimativas da Frasle Mobility, a substituição do gás natural por biomassa resultará na redução de 10 mil toneladas de CO₂ emitidas por ano.

O projeto faz parte das iniciativas do Grupo Randoncorp para atingir suas metas de redução de 40% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Com o uso da biomassa, a planta industrial da Frasle Mobility fará uma economia de gás natural equivalente a 267, 6 mil botijões de gás (do tipo P13) por ano. A utilização da caldeira verde representa 50% da meta dos compromissos de ESG (Environmental, Social, and Governance ou Ambiental, Social e Governança, em português). assumidos publicamente pela Randoncorp.

Além da diminuição das emissões, o projeto tem o potencial de reduzir os custos de produção. Segundo Sergio Carvalho, CEO da Randoncorp, muitos acreditam que trabalhar com o meio ambiente gera custos adicionais, mas esse não é o caso. “Esse projeto da caldeira verde também proporcionará redução dos custos operacionais. Para nós, isso representa uma quebra de paradigma – a visão de que a sustentabilidade está ligada ao aumento de custos.”

Ele acrescenta que, embora a empresa tenha suas previsões, por ser uma companhia de capital aberto, não serão divulgados os detalhes sobre o impacto financeiro. O projeto também aproveita resíduos da madeira que seriam descartados ou deixados para apodrecer, reintegrando-os à natureza de forma sustentável. “O reflorestamento alinhado com práticas ambientais responsáveis permite que o material residual da madeira seja convertido em energia, criando um ciclo produtivo mais eficiente e sustentável, ao mesmo tempo em que diminui o uso de gás na indústria.”

Ritmo de produção acelerado

O investimento ambiental da Frasle Mobility ocorre em um momento de crescimento acelerado da empresa. A fabricante, que é uma das maiores produtoras de fricção do mundo, opera 24 horas por dia, sete dias por semana, com a produção dividida em três turnos desde 2022. Após a pandemia, a companhia conquistou expressiva participação de mercado, especialmente na América Latina e nos Estados Unidos. “O mercado de lonas de freio está se consolidando, e muitos concorrentes deixaram o setor devido à forte dominância da Frasle Mobility”, disse Anderson Pontalti, COO da companhia.

Segundo o executivo, a Frasle Mobility se destaca por ter um processo produtivo altamente eficiente, além de investir pesado em tecnologia. “A empresa conta com uma equipe de mais de 100 engenheiros dedicados à linha pesada, o que a coloca à frente dos concorrentes.”

Globalmente, a Frasle Mobility produz cerca de 80 milhões de lonas de freio anualmente, com sua unidade de Caxias do Sul sendo responsável por 65 milhões de unidades – ou aproximadamente 250 mil unidades por dia.

O executivo revelou que a companhia projeta um crescimento de 7% a 8% anualmente, embora a frota global de veículos cresça apenas 1%, tanto para modelos pesados quanto leves. Para 2025, a Frasle Mobility se desafiou a crescer 9% em volume, conquistando novos negócios que devem se consolidar no próximo ano. A empresa espera um aumento de 40% em sua receita no próximo ano, sendo 35% proveniente dos negócios no México e 10% de crescimento orgânico.

Atualmente, 10% do negócio da Frasle Mobility vem de montadoras, e 90% da reposição, o que reflete a natureza do mercado. “A empresa também está investindo em novos produtos, como lonas de freio para motos, veículos pesados e até para veículos elétricos. Muitas dessas novidades serão apresentadas na próxima Automec, em abril do ano que vem.”

Linha pesada

Ele acrescenta que o foco da Frasle Mobility permanece no mercado de fricção, com a linha pesada representando 30% de seus negócios, sendo a pastilha de freio o carro-chefe. A linha comercial da Frasle Mobility, que começou há 70 anos, tem hoje uma representatividade maior do que outras linhas, devido à sua longa história

Além disso, a empresa fabrica componentes para suspensão. “Para acompanhar o crescimento, a Frasle Mobility prevê a contratação de 300 a 400 novos colaboradores no próximo ano e a ampliação da produção com um novo modelo de turno 6×2”, concluiu.

Com unidades no Brasil, Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e México, possui dez plantas industriais, nove centros de distribuição, cinco escritórios comerciais, dois centros de tecnologia e desenvolvimento para atender os clientes em
mais de 120 países nos cinco continentes. A companhia que é controlada pelo Grupo Randoncorp desde 1996, oferece mais de 21 mil referências em soluções em autopeças.

*A jornalista viajou a convite da Frasle Mobility

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