Transportadores têm prejuízo de R$7,21 bi devido às condições das rodovias brasileiras

As condições do pavimento no estado geram um aumento de custo operacional do transporte de 31,2%, o que se reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos

Marcia Pinna

Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada nesta quarta-feira (17), mostra que houve avanço no estado geral da malha viária brasileira em relação a 2024. De acordo com o estudo, 37,9% da extensão pesquisada (43.301 km) está em condições Ótimas ou Boas, em relação aos 33% em 2024 (36.814 km), representando um avanço de quase 5 pontos percentuais (p.p.). Já os trechos avaliados como Ruins ou Péssimos caíram de 26,6% (29.776 km) para 19,1% (21.804 km), uma redução de 7,5 pontos percentuais.

A Pesquisa CNT de Rodovias 2025 registrou queda no número de pontos críticos, que passaram de 2.446 em 2024 para 2.144 em 2025, indicando melhora na segurança viária. A maioria das ocorrências ainda está relacionada a buracos grandes, mas houve redução também em erosões, quedas de barreira e outros problemas graves. A tendência reforça que os investimentos recentes começam a gerar resultados positivos na conservação das rodovias brasileiras.

O presidente do Sistema de Transporte, Vander Costa, afirmou que a melhora é significativa, mas ainda está aquém das necessidades dos operadores de transporte do país. As condições do pavimento no estado geram um aumento de custo operacional do transporte de 31,2%, o que se reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. “Os dados mostram que ainda há um longo caminho a percorrer e que a ampliação dos aportes destinados ao setor é fundamental para que o país alcance o padrão de infraestrutura que sua economia e sua população requerem.”

Em 2025, estima-se que houve um consumo excessivo de 1,2 bilhão de litros de diesel devido à má
qualidade do pavimento da malha rodoviária no país. Esse desperdício gerou um prejuízo R$ 7,21 bilhões aos transportadores e uma emissão de 3,22 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera. Já o prejuízo gerado pelos acidentes foi de R$ 16,79 bilhões em 2024. No mesmo ano (2024), o
governo gastou R$ 14,04 bilhões com obras de infraestrutura rodoviária de transporte.

O estudo mostra que para recuperar as rodovias no Brasil, com ações emergenciais (reconstrução e restauração) e manutenção, seriam necessários R$ 101,10 bilhões. Os investimentos realizados em rodovias federais sob gestão pública foram, em média, de R$ 10,70 bilhões no período de 2016 a 2024. Esse investimento médio corresponde a apenas 21,4% do montante necessário para a reconstrução, restauração e manutenção das rodovias sob gestão pública do governo federal (R$ 49,93 bilhões).

Para Fernanda Rezende, diretora-executiva da CNT, é preciso encontrar soluções para minimizar a falta de investimentos histórica em infraestrutura. A privatização das rodovias é apontada como uma forma de deixar a União e os estados menos sobrecarregados, permitindo investimentos mais estratégicos. “Há ainda medidas importantes, como vetar o contingenciamento dos recursos do Orçamento Geral da União, aprovação do PL 11.057/2018 que trata do Funcet, aprovação da PEC da Infraestrutura (1/2021), aplicação os recursos do Cide na recuperação das vias e ampliação dos financiamentos a concessões via BNDES e via organizações internacionais.”

Ao detalhar os percentuais por tipo de gestão, a pesquisa revela redução significativa dos trechos ruins em rodovias concedidas e públicas. Entre as rodovias concedidas, apenas 618 km receberam essa classificação em 2025, ante 1.609 km em 2024, uma queda de 61,6%. Nas rodovias públicas, a redução foi de 23,3%, passando de 21.630 km para 16.594 km.

“As concessões realizadas em 2025 foram decisivas para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. Elas trouxeram investimentos em manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários. Esse modelo complementa os esforços do poder público e garante vias melhores para o desenvolvimento do país”, afirma Vander Costa.

Outra questão levantada por Fernanda Rezende foi a discrepância entre as regiões do país, pois a maioria das rodovias mais bem avaliadas do país estão no Sudeste (apenas uma no Centro-Oeste entre as 10 primeiras) e as piores se concentram no Norte e Nordeste. “Falta atratividade para a iniciativa privada e falta ação política para trazer mais recursos para essas regiões”, ressalta.

Em 2025, foram analisados 114.197 km no Brasil, que representam 100,0% do total pesquisado no Brasil. Confira os principais resultados:

  1. Estado Geral: 10,1% da extensão avaliada foram classificadas como Ótimo, 27,8% Bom, 43,0% Regular, 15,1% Ruim e
    4,0% Péssimo.
  2. Pavimento: 32,5% da extensão avaliada foram classificadas como Ótimo, 11,0% Bom, 37,0% Regular, 15,0% Ruim e
    4,5% Péssimo. 0,5%, está com o pavimento totalmente destruído.
  3. Sinalização: 16,8% da extensão avaliada foram classificadas como Ótimo, 33,6% Bom, 33,5% Regular, 9,7% Ruim e
    6,4% Péssimo. 5,5% da extensão está sem faixa central e 10,0% não tem faixas laterais.
  4. Geometria da Via (traçado): 20,8% da extensão avaliada foram classificadas como Ótimo, 17,0% Bom, 28,3% Regular,
    20,7% Ruim e 13,2% Péssimo. As pistas simples predominam em 85,2%. Falta acostamento em 45,8% dos trechos
    avaliados. 29,0 % dos trechos com curvas perigosas não têm sinalização.
  5. Pontos críticos: a Pesquisa identifica 2.146 no país.

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