Crise nos Correios: rombo bilionário pressiona orçamento federal de 2026 e acende alerta no governo

O plano de recuperação prevê reduzir o déficit e voltar ao lucro em 2027, com investimento estimado de R$ 20 bilhões em ajustes operacionais

Redação

Os Correios enfrentam uma das maiores crises financeiras de sua história, marcada por queda de receitas, aumento de custos e perda acelerada de participação no mercado de encomendas. A fatia da estatal nesse segmento caiu de 51% para 25% nos últimos anos, pressionando ainda mais o caixa e contribuindo para um prejuízo estimado de R$ 10 bilhões em 2025. Segundo projeções, o rombo pode chegar a até R$ 23 bilhões em 2026, caso o plano de reestruturação não avance no ritmo esperado — um cenário que já preocupa o governo federal.

A deterioração das contas levou a empresa a buscar empréstimos emergenciais. Em novembro, o conselho de administração aprovou uma operação de R$ 20 bilhões com um sindicato formado por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. A contratação, porém, foi suspensa após o Tesouro Nacional negar o fornecimento de garantia soberana, já que os juros propostos superavam o teto permitido pelo órgão. Com isso, a estatal ficou sem a principal alternativa para reforçar o caixa no curto prazo.

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Para Paulo Bittencourt, estrategista-chefe da MZM Wealth, a crise atual revela problemas estruturais que se repetem entre estatais brasileiras. “Os Correios acumulam déficits há anos, e a necessidade de empréstimos evidencia a profundidade do desequilíbrio. O rombo impacta diretamente o orçamento federal, gera contingenciamentos e pressiona áreas prioritárias do governo”, afirma.

O plano de recuperação da estatal prevê que a reestruturação reduza o déficit já em 2026 e retome a lucratividade em 2027. A companhia estima que serão necessários cerca de R$ 20 bilhões para sustentar ajustes operacionais, cortar gastos e revisar processos internos — ações consideradas essenciais para recuperar eficiência e competitividade.

Os impactos, contudo, ultrapassam o balanço da empresa. Segundo Bittencourt, déficits elevados em estatais aumentam o endividamento do governo, afetam políticas públicas e criam incertezas para fornecedores e investidores. A queda de participação de mercado e a necessidade de capital de giro adicional reforçam a urgência de mudanças profundas na gestão dos Correios.

Mesmo com a execução integral do plano de reestruturação, a recuperação dependerá de avanços consistentes em produtividade e receita. “Disciplina fiscal, eficiência operacional e redução de custos serão fatores decisivos para evitar que o déficit continue pressionando o orçamento federal em 2026”, conclui o especialista.

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