Indústria de implementos rodoviários recua 6% no ano

Dados da Anfir revelam queda expressiva em reboques e semirreboques, enquanto os implementos leves sustentam o crescimento

Aline Feltrin

A indústria de implementos rodoviários encerrou os onze meses de 2025 em retração, pressionada pelo desaquecimento do mercado de caminhões e pelo ritmo mais fraco da atividade econômica. De janeiro a novembro, foram entregues 137.319 unidades, queda de 6,05% frente às 146.169 registradas no mesmo período de 2024, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).

O desempenho reflete o ambiente mais desafiador para a indústria brasileira. A produção industrial recuou 0,5% em outubro na comparação anual, de acordo com o IBGE, enquanto as vendas de caminhões — um dos principais termômetros do ciclo econômico — diminuíram 8,33% no acumulado até novembro, segundo a Fenabrave.

Para o presidente da Anfir, José Carlos Spricigo, o cenário exige estímulos adicionais. “É preciso que haja alguma medida de fomento que impacte positivamente as vendas de implementos rodoviários e caminhões, por seu papel-chave no desempenho econômico”, afirma.

O segmento de reboques e semirreboques — que reúne os implementos pesados — registrou a maior queda: 19,82%, passando de 81.786 unidades nos onze primeiros meses de 2024 para 65.580 no mesmo intervalo deste ano.

Mesmo nesse ambiente adverso, o baú de carga geral se destacou, com avanço de 20,47%. A demanda é impulsionada pela expansão do comércio eletrônico e pelo crescimento da movimentação em centros de distribuição, especialmente em períodos de maior consumo, como a Black Friday.

Leves crescem e amortecem queda do setor

Na direção oposta, os implementos leves — carrocerias sobre chassis — mantiveram crescimento e sustentaram parte do desempenho da indústria. O segmento avançou 11,43% no acumulado do ano, com 71.739 unidades vendidas, ante 64.383 no ano anterior. Esse tipo de produto acompanha mais diretamente a distribuição urbana e regional, menos sensível às oscilações do crédito e mais ligada ao consumo cotidiano.

Apesar da queda em pesados, reflexo direto da alta dos juros e da consequente retração nas compras de caminhões — a indústria projeta um cenário mais favorável para 2026.

“Acreditamos que em 2026 haja uma melhora, pois há sinalização de estabilidade ou queda da inflação, o que deve reduzir o custo do dinheiro e levar a uma queda da Selic. Isso impacta diretamente os bens de capital, indústria à qual estamos inseridos”, afirma Sprícigo.

A Anfir projeta vendas de cerca de 155 mil implementos rodoviários no próximo ano. A entidade representa 170 associadas e mais de 1.458 empresas afiliadas, entre micro, pequenas, médias e grandes fabricantes do setor.

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