Principais lideranças negam greve de caminhoneiros no próximo dia 4 de dezembro

Apesar da mobilização de parte dos motoristas autônomos, as principais lideranças nacionais do transporte rodoviário negam adesão ao movimento e afirmam que não há convocação oficial para uma greve

Aline Feltrin

A circulação de mensagens em grupos de WhatsApp e redes sociais reacendeu, nesta semana, o temor de uma nova paralisação nacional de caminhoneiros no próximo dia 4 de dezembro. Embora parte dos motoristas autônomos manifeste insatisfação com as condições de trabalho, as principais lideranças do transporte rodoviário afirmam que não há convocação oficial para uma greve e classificam os rumores como precipitadamente politizados.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne nove federações e 104 sindicatos, afirmou ao portal Transporte Moderno que “não tem conhecimento sobre o movimento”. A entidade, uma das vozes mais representativas dos autônomos, reforça que nenhuma sinalização formal de mobilização foi apresentada por suas bases.

Wallace Landim, o Chorão — liderança que ganhou projeção nacional na greve de 2018 — também nega apoio à paralisação e critica tentativas de instrumentalização política do setor. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele afirma ter participado de reuniões com representantes da categoria, mas diz que o movimento atual estaria sendo impulsionado por agendas que extrapolam as demandas do transporte.

“Estou vindo aqui para ser bem claro com a categoria e com a população. Muita gente está me cobrando: ‘Chorão, você tem que se posicionar’. A pauta de transporte existe, sim, mas estão puxando esse movimento com questões políticas. Eu não posso usar a categoria para isso. A nossa luta é pelo sistema de transporte”, disse.

Apesar da posição das lideranças, há descontentamento crescente entre autônomos. O caminhoneiro Daniel Souza, influenciador digital com quase 100 mil seguidores no TikTok e um dos rostos da paralisação de 2018, afirma ao jornal Metrópoles que muitos profissionais enfrentam hoje “condições precárias” e reivindicam melhorias estruturais. Entre os pleitos mencionados por motoristas estão maior estabilidade contratual, cumprimento efetivo de normas já em vigor, revisão do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas e aposentadoria especial após 25 anos de atividade.

A greve de 2018, que paralisou o país por dez dias e gerou desabastecimento de combustíveis e alimentos, segue como referência para o setor — tanto pelo impacto econômico quanto pelo desgaste político. Embora o gatilho da época tenha sido a escalada do preço do diesel, a insatisfação vinha se acumulando há anos.

Hoje, mesmo com agendas distintas, o sentimento de abandono relatado por parte dos autônomos mantém o clima de tensão. Chorão, porém, destaca que várias das demandas de 2018 tiveram avanços, entre elas a tabela mínima de frete, que ganhou novo fôlego com a intensificação da fiscalização feita pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

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