Vendas de pneus de carga acumulam retração de 5,5% em 2025

O mercado de reposição teve redução de 7,4% até outubro, com 3,80 milhões de unidades; para as montadoras a queda foi de 0,6%, somando 1,57 milhão de produtos para veículos pesados, segundo a Anip

Sonia Moraes

As vendas de pneus de carga tiveram queda de 5,5%, acumulando de janeiro a outubro deste ano 5,37 milhões de unidades, quando comparado com as 5,68 milhões de unidades comercializadas em igual período de 2024, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).

O mercado de reposição, que absorve a maior quantidade de pneus de carga produzidos pelas empresas, teve redução de 7,4% nas vendas até outubro deste ano, chegando a 3,80 milhões de unidades, ante os 4,10 milhões comercializados nos dez meses de 2024.

Para as montadoras, as fabricantes enviaram 1,56 milhão de pneus, 0,6% a menos do que comercializaram de janeiro a outubro do ano passado, quando atingiram 1,57 milhão de unidades.

Resultado mensal

Em outubro, as vendas de pneus de carga atingiram 525.929 unidades, o que representou queda de 0,3% em relação a setembro deste ano (527.728 unidades). No comparativo com outubro de 2024 (575.068 unidades), a retração foi de 8,5%.

O volume comercializado no mercado de reposição somou 374.048 unidades, redução de 1,6% em relação a setembro (380.248 unidades) e queda de 5,6% sobre outubro do ano passado, quando totalizou 396.093 unidades.

Para as montadoras, as vendas atingiram 151.881 unidades em outubro, aumento de 3,0% em relação a setembro (147.480 unidades) e queda de 15,1% no comparativo com outubro do ano passado, quando somaram 178.975 unidades.

Mercado total

Incluindo todos os segmentos abastecidos pela indústria brasileira de pneumáticos (automóveis, veículos comerciais leves, carga e motos), as vendas de pneus em outubro totalizaram 3,4 milhões de unidades. Esse resultado foi 8,7% superior a setembro deste ano (3,21 milhões). Em relação a outubro de 2024, quando foram comercializados 3,77 milhões de pneus, a queda foi de 7,4%, tendo um saldo negativo de 280 mil unidades.

O desempenho positivo das vendas em outubro em relação a setembro, segundo a Anip, foi estimulado pelo mercado de reposição, que registrou alta de 15,3%, tendo 2,31 milhões de pneus comercializados. Na comparação com outubro do ano passado, quando teve 2,41 milhões de pneus vendidos, a queda é de 4,0%.

“Tivemos algum alívio frente a setembro, mas o quadro geral do ano é de muita dificuldade para os fabricantes nacionais, que enfrentam concorrência desleal dos importados”, diz Rodrigo Navarro, presidente da Anip.

O volume enviado para as montadoras atingiu 1,18 milhão de unidades, ficando 2,3% abaixo de setembro (1,20 milhão de unidades) e com queda de 13,4% em relação a outubro do ano passado (1,36 milhão de unidades).

Acumulado até outubro

No acumulado de janeiro a outubro, as vendas de pneus para os diversos segmentos atingiram 32,53 milhões de unidades, redução de 3,2% sobre os 33,60 milhões de pneus comercializados nos dez meses do ano passado, totalizando uma baixa de mais de 1 milhão de pneus.

A Anip atribui o impacto negativo no desempenho do setor até outubro deste ano ao mercado de reposição, que teve redução de 6,7%, acumulando 21,18 milhões de unidades comercializadas no país, ante um volume que chegou a 22,71 milhões de unidades nos dez meses do ano passado.

As vendas para as montadoras tiveram resultados positivos, com 11,34 milhões de unidades, aumento de 4,1% quando comparado com os 10,89 milhões de pneus vendidos de janeiro a outubro de 2024.

Na avaliação do presidente da Anip, o retrato do ano é muito ruim para a indústria, especialmente pelo acirramento da concorrência com pneus importados, que seguem entrando no país a valores muitas vezes inferiores aos custos de produção. “Seguimos trabalhando de forma propositiva para enfrentar as ameaças de perda de investimentos, empregos e de desorganização do ecossistema produtivo no Brasil”, afirma.

Navarro acrescenta que o setor busca o que o mercado internacional está fazendo, como México, EUA e Europa, que é exigir condições isonômicas de atuação no Brasil, seja por parte de fabricantes ou importadores.  “Isso tem a ver não só com questões fundamentais envolvendo custos e preços, mas também de cumprimento de normas ambientais e de conformidade técnica”.

Cadeia produtiva

Segundo a Anip, aretração no ano já começa a impactar a cadeia de produção, que envolve produtores de borracha e fabricantes de químicos, têxteis e aço, ecossistema que gera mais de 500 mil indiretos no Brasil. “As dificuldades enfrentadas estão criando um problema sistêmico no Brasil e podem levar à desindustrialização e perda de empregos”, avalia Navarro.

Para José Fernando Benesi, presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor), o setor produtivo da borracha natural brasileira vive um momento de profunda preocupação. “A forte entrada de pneus importados que têm chegado ao nosso país, em condições por vezes desleais, conforme atestado pelas ações antidumping estabelecidas pelo governo, está impactando a indústria e refletindo no produtor”, diz. “Esse desafio representa perda de espaço da indústria nacional e, consequentemente, uma significativa queda na demanda pela borracha natural brasileira”, alerta.

Na avaliação do presidente da Abrabor, quando a indústria nacional de pneus é afetada desta forma, toda a cadeia fica comprometida. “O produtor rural, que vive do cultivo da seringueira e do manejo sustentável da floresta, já sente os efeitos da retração do mercado e se preocupa com a viabilidade da manutenção dessas indústrias no país. Precisamos de ações urgentes, e estamos ao lado da indústria nacional para construirmos juntos”, afirma.

Balança comercial

A balança comercial do setor de pneumáticos apresentou déficit de US$ 366,20 milhões, com importações de US$ 1,31 bilhão e exportações de US$ 951,86 milhões. O resultado negativo ficou 54% abaixo dos US$ 796,11 milhões registrados nos dez meses de 2024 porque houve uma melhora nas exportações, com aumento de 9,7% sobre os US$ 867,79 milhões registrados de janeiro a outubro de 2024,

Em unidades, o déficit do setor de janeiro a outubro de 2025 foi de 26,56 milhões de unidades, 27,4% inferior ao saldo negativo de 36,61 milhões registrado nos dez meses de 2024.

As importações atingiram 36,24 milhões de unidades até outubro deste ano. Mesmo com a redução de 21,3% em relação aos 46,03 milhões de pneus importados de janeiro a outubro de 2024, superou as exportações, que atingiram 9,68 milhões de unidades, tendo aumento de 2,8% sobre os 9,42 milhões de pneus exportados nos dez meses de 2024.

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