Setor portuário projeta salto da navegação interior até 2035

Entidades defendem que hidrovias podem liderar a descarbonização do transporte brasileiro e ganhar escala com embarcações híbridas, biocombustíveis e infraestrutura modernizada até 2035

Redação

O Brasil deve viver, nos próximos dez anos, um salto no uso da navegação interior, com expansão de embarcações híbridas e elétricas, adoção de biocombustíveis e modernização da infraestrutura fluvial. A projeção aparece na “Carta ao Mundo – COP30: A força sustentável das Águas Interiores”, manifesto divulgado por cinco das principais entidades do setor portuário e hidroviário durante a COP30.

O documento prevê que, entre 2025 e 2035, o modal hidroviário ganhará protagonismo na estratégia de descarbonização do país, alinhado ao Acordo de Paris e à Agenda 2030 da ONU. As associações defendem que os rios brasileiros — entre eles Amazonas, Tocantins, Paraná, Paraguai e São Francisco — formam “estradas naturais” capazes de reduzir emissões e elevar a eficiência logística nacional.

Assinada por ADECOM, ABANI, AMPORT, ATP e FENOP, a carta destaca que o transporte hidroviário tem desempenho ambiental superior ao rodoviário. “Um comboio fluvial transporta o equivalente a centenas de caminhões”, afirmam as entidades, citando menor consumo de energia e emissões drasticamente reduzidas. O setor argumenta que ampliar o uso das hidrovias é fundamental para reforçar a competitividade do agronegócio e da indústria, além de reduzir custos de transporte.

A avaliação das entidades é que o Brasil ainda subaproveita seu potencial fluvial, apesar de deter uma das maiores redes hidrográficas do mundo. “Reafirmamos nosso compromisso com a redução das emissões, a transição energética e um futuro para as novas gerações”, afirma Murillo Barbosa, presidente da ATP, ao mencionar os investimentos em combustíveis verdes, dragagens sustentáveis, energia renovável e embarcações mais eficientes.

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Modernização e avanço

O manifesto também enfatiza o impacto social da navegação interior, especialmente na Amazônia, onde os rios são o principal meio de deslocamento. Para as entidades, é urgente modernizar a infraestrutura portuária, ampliar a sinalização das vias navegáveis, reforçar a conectividade e integrar hidrovias a trens e rodovias.

Embora ainda ocupe posição modesta na matriz de transportes, o modal tem avançado de forma contínua, impulsionado por cadeias do agronegócio e por políticas públicas voltadas à concessão de serviços hidroviários.

Com o texto distribuído na COP30, o setor busca inserir a navegação interior no centro das discussões sobre transição ecológica. “O Brasil navega rumo ao futuro — e convida o mundo a embarcar nesse modal”, conclui o manifesto.

O documento é assinado por Adalberto Tokarski (ADECOM), José Rebelo III (ABANI), Flávio Acatauassú (AMPORT), Murillo Barbosa (ATP) e Sérgio Aquino (FENOP).

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