A VLI chega aos 15 anos em dezembro de 2025 consolidada como uma das principais operadoras de logística integrada do país, após investir mais de R$ 17 bilhões entre 2014 e 2024 em expansão de infraestrutura, modernização da frota e digitalização de processos. O balanço da companhia e as perspectivas para os próximos anos foram detalhados ao portal Transporte Moderno pelo CEO Fábio Marchiori, que destaca que a empresa vive agora “a fase mais madura de sua história”, com foco em eficiência, segurança operacional e criação de valor para clientes.
Criada em 2010, a VLI nasceu a partir da operação de carga geral da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e do tramo Norte da Ferrovia Norte-Sul (FNS). Já em 2012, inaugurou seu primeiro Terminal Integrador, em Araguari (MG), marco que ajudou a estabelecer o modelo de logística integrada que hoje define a empresa. Marchiori lembra que a tecnologia de carregamento em pera ferroviária reduziu o tempo de carregamento de um trem de mais de 60 horas para cerca de 6 horas — um símbolo da transformação logística que viria a seguir.
Segundo o executivo, a primeira década da companhia foi dedicada à construção de capacidade, com expansão de terminais, portos e ferrovias. A fase atual, diz ele, exige uma mudança de mentalidade: “O maior aprendizado desses 15 anos foi manter o cliente no centro das decisões. Saímos de uma lógica baseada no ativo para uma lógica baseada na necessidade do cliente.”
Essa abordagem explica o avanço dos corredores logísticos da companhia. O Corredor Norte, estruturado sobre a Norte-Sul, tornou-se a principal alternativa de escoamento da nova fronteira agrícola do Matopiba, conectando Tocantins e Maranhão ao Porto de São Luís. O Sudeste segue como rota estratégica para açúcar, grãos, combustíveis e fertilizantes, com recorde histórico no segmento sucroalcooleiro em 2024. Já o Corredor Leste mantém relevância para a indústria e a siderurgia, atendendo cargas como minério, carvão, celulose e produtos industriais via Espírito Santo.

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Modernização da frota
A estrutura atual da VLI soma quatro ferrovias, nove terminais intermodais e sete operações portuárias. A frota conta com cerca de 600 locomotivas e 21 mil vagões. Só no primeiro semestre de 2025, o volume transportado atingiu 20,7 bilhões de TKUs, com receita líquida de R$ 5 bilhões e lucro líquido de R$ 1,08 bilhão — alta de 12% sobre o mesmo período de 2024.
A modernização da frota foi determinante para essa evolução. Desde 2013, a companhia mantém um ciclo constante de renovação, incluindo a compra de locomotivas de maior potência e menor consumo de combustível. Em 2024, recebeu 12 unidades do modelo ES43BBi, da Wabtec, e aguarda a entrega de outras oito locomotivas da Progress Rail em 2025. “A nova tecnologia incorpora operação semiautônoma assistida, reduz desgaste, aumenta segurança e melhora a eficiência energética”, afirma Marchiori.
A digitalização também assumiu papel central no modelo de negócios. A plataforma Trato, criada internamente, já gerenciou mais de 2,7 milhões de viagens e 98,9 milhões de toneladas agendadas em portos e terminais. Ela faz o agendamento dinâmico de caminhões, identifica janelas ociosas e organiza a movimentação rodoviária com apoio de inteligência artificial. Outro destaque é o Speed, sistema que utiliza cálculos navais e IA para otimizar embarque e desembarque de navios.
Além disso, a VLI criou o Armazém Inteligente, que automatiza a movimentação do tripper, faz medição digital de estoque com robôs e reduz em até 50% o tempo de paradas operacionais. Para os próximos anos, a empresa estruturou o roadmap “Linha Mestra”, que reúne mais de 200 projetos alinhados à Indústria 4.0, incluindo digital twins, automação avançada, robótica e soluções para logística verde.
Redução de emissões
No campo da sustentabilidade, a empresa mantém compromissos públicos assumidos em 2021, como reduzir 15% das emissões de gases de efeito estufa por tonelada transportada até 2030 e elevar a participação feminina em cargos de liderança para 30%. Marchiori relata que a companhia já alcançou 27% de mulheres em alta liderança e reduziu 7,85% das emissões de GEE por tonelada transportada em comparação com 2020. A empresa também ampliou o foco no impacto social, com meta de beneficiar mais de 150 mil pessoas em 35 municípios.
A estratégia de cocriação com clientes aparece como vetor de expansão. No Sudeste, a parceria com a Tereos resultou em mais de R$ 200 milhões em novas estruturas para açúcar e derivados. No Norte, o desenvolvimento de um corredor de importação de fertilizantes no Itaqui atraiu empresas como Mosaic, Fertipar e Copi. No Leste, o fluxo de celulose solúvel para a LD Celulose levou a VLI a investir R$ 400 milhões em uma operação que substituiu 100 caminhões por um trem de 68 vagões.
Marchiori afirma que os próximos anos serão marcados por maior eficiência, tecnologia e sustentabilidade. “Construímos capacidade na primeira década. Agora, estamos construindo inteligência. O futuro da VLI passa por automação, digitalização e competitividade logística para o Brasil.”
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