A Motiva anunciou nesta terça-feira (18) a venda de toda a sua plataforma de 20 aeroportos para a ASUR, grupo que administra o aeroporto de Cancún e outros terminais na América Latina. O negócio, de R$ 11,5 bilhões, é considerado a maior transação aeroportuária atualmente em curso no mundo e marca uma das mais relevantes movimentações da empresa desde o início de sua estratégia de simplificação de portfólio.
Do valor total, R$ 5 bilhões correspondem à participação acionária da Motiva nos aeroportos e R$ 6,5 bilhões às dívidas associadas aos ativos. A operação envolve 17 aeroportos no Brasil — entre eles Belo Horizonte, Curitiba e Goiânia — e outros três em países da região. A conclusão depende de aprovação da Anac, do Cade e de autoridades regulatórias internacionais. A expectativa é de que o fechamento ocorra em 2026. Até lá, a Motiva permanecerá responsável pela operação, mantendo equipes e contratos.
A venda reforça o plano “Ambição 2035”, que prevê concentrar investimentos da Motiva em rodovias e ferrovias, negócios considerados mais estratégicos e sinérgicos com o futuro da companhia. Segundo o CEO, Miguel Setas, o negócio destrava valor, reduz complexidade e fortalece a capacidade de investimento. Ele afirma que a transação “amplia a capacidade de liderar o futuro da mobilidade no Brasil” ao liberar capital para projetos prioritários.
O impacto financeiro também é relevante. Com a operação, a alavancagem consolidada deve cair de 3,5 vezes para menos de 3 vezes, o que na prática quase zera a dívida líquida da holding e melhora o perfil de risco da empresa. Para o vice-presidente financeiro e de RI, Waldo Perez, o movimento evidencia disciplina na alocação de capital e posiciona a Motiva para disputar um pipeline estimado em R$ 160 bilhões em concessões de rodovias, trens e metrôs nos próximos anos.
LEIA MAIS
Faltam motoristas ou boas iniciativas das transportadoras?
Black Friday deve movimentar R$ 13,3 bilhões e impõe teste de resistência à logística brasileira
Estudo revela que caminhões a diesel com 15% de biodiesel poluem menos que os elétricos
Aposta em rodovias e trilhos
A plataforma de aeroportos negociada registrou receita líquida de R$ 2,96 bilhões nos 12 meses até o terceiro trimestre de 2025, com EBITDA de R$ 1,52 bilhão e margem de 51%. O conjunto de operações movimentou 45 milhões de passageiros e 524 mil toneladas de carga no período, demonstrando resiliência e relevância no setor. O processo competitivo atraiu mais de 20 grupos europeus, latino-americanos e asiáticos, superando as expectativas da Motiva e reforçando o apetite internacional por ativos aeroportuários brasileiros.
A conclusão do negócio depende da aprovação de autoridades regulatórias no Brasil e nos demais países em que a Motiva Aeroportos atua. Com o desinvestimento, a empresa avança em sua estratégia de voltar ao “básico” — uma estrutura mais simples, com foco em crescimento rentável e sinérgico, segundo Setas — e reforça sua aposta em rodovias e trilhos como motores de expansão nos próximos anos.
Fique por dentro de todas as novidades do setor de transporte de carga e logística:
➡️ Siga o canal da Transporte Moderno no WhatsApp
➡️ Acompanhe nossas redes sociais: LinkedIn, Instagram e Facebook
➡️ Inscreva-se no canal do Videocast Transporte Moderno



