Montadoras dos EUA estão a semanas de paralisar fábricas por nova escassez de chips, alerta associação

Conflito entre Washington e Pequim em torno da Nexperia ameaça produção automotiva e pode gerar perdas no quarto trimestre

Redação

As montadoras dos Estados Unidos estão a duas a quatro semanas de enfrentar paralisações significativas em suas linhas de montagem devido à nova escassez de semicondutores, segundo alerta da MEMA, principal associação de fornecedores do setor automotivo norte-americano. O problema decorre do conflito comercial entre Washington e Pequim envolvendo a fabricante de chips Nexperia, controlada por capital chinês.

“A situação é crítica. Um avanço rápido nas negociações é realmente necessário para evitar perdas de produção no quarto trimestre em toda a indústria”, afirmou o presidente da Ford, Jim Farley, em declaração à Bloomberg.

A tensão foi desencadeada após o governo dos Estados Unidos impor restrições à importação e ao uso de componentes da Nexperia, citando preocupações com segurança nacional. A empresa, sediada na Holanda, mas controlada pelo grupo chinês Wingtech Technology, fornece semicondutores essenciais para sistemas de freio, controle de motor e segurança veicular.

Segundo a MEMA, as restrições afetam diretamente centenas de fornecedores e montadoras, incluindo Ford, General Motors, Stellantis e Toyota, que utilizam os chips da Nexperia em vários modelos produzidos nos EUA. “Sem uma solução imediata, as cadeias de suprimentos poderão sofrer rupturas semelhantes às observadas durante a pandemia”, afirmou a entidade em nota.

A associação estima que a indústria pode começar a sentir os primeiros impactos já nas próximas semanas, com suspensão de turnos e atrasos na produção. A MEMA também alertou que milhares de empregos estão em risco, caso o impasse persista até o fim de novembro.

O Departamento de Comércio dos EUA não comentou o caso, mas fontes próximas ao governo disseram que a Casa Branca estuda alternativas temporárias de fornecimento para evitar um novo colapso produtivo.

Vulnerabilidade da indústria automotiva global

A crise ocorre em um momento em que as montadoras tentam se recuperar de um período de demanda enfraquecida e custos elevados de capital, em meio a juros altos e transição para veículos elétricos.

Para Farley, da Ford, o episódio evidencia a vulnerabilidade da indústria automotiva global diante da dependência de insumos críticos. “Precisamos repensar a estrutura de fornecimento de semicondutores e garantir maior autonomia tecnológica no Ocidente”, disse o executivo.

Desde a pandemia de 2020, o setor automotivo global tem enfrentado uma série de gargalos no fornecimento de chips, o que levou à redução temporária de produção e aumento nos preços de veículos. Analistas temem que o novo conflito possa reacender a crise de componentes, com impactos sobre o PIB industrial americano no fim do ano.

Com informações do site Autonews.

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