Com expectativa de queda da Selic, indústria de implementos aposta em recuperação no próximo ano

Além da sinalização de estabilidade da inflação e da queda da taxa básica de juros, a Anfir avalia como positivos os estoques baixos de caminhões e o envelhecimento da frota, que deve estimular a renovação no próximo ano

Sonia Moraes

A indústria de implementos rodoviários tem perspectivas positivas para 2026, mesmo com a queda de 20,42% no segmento de pesados registrada de janeiro a setembro de 2025, com 53.663 produtos emplacados, devido ao arrefecimento do mercado de caminhões com a alta taxa de juros.

“Acreditamos que em 2026 tenhamos uma certa melhoria para o mercado porque há sinalização de estabilidade ou queda inflacionária, o que vai levar o custo do dinheiro para baixo e uma queda da Selic. Isso vai impactar diretamente aos bens de capital, indústria ao qual estamos inseridos”, disse José Carlos Sprícigo, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), em entrevista exclusiva para o portal Transporte Moderno. A expectativa, segundo a entidade, é que o Brasil venda 155 mil implementos rodoviários no próximo ano. A entidade reúne 170 associadas e mais de 1.458 afiliadas ativas, desde micro, pequenas, médias e grandes empresas

“Com o crescimento de 15% no segmento de implementos leves, por conta do aumento do consumo, estamos prevendo uma produção em torno de 150 a 152 mil implementos neste ano”, calcula o presidente da Anfir. “Se olharmos para 2024, perdemos em torno de 6%, mas se compararmos com 2023, estamos andando na mesma velocidade.”

Na avaliação de Sprícigo, o resultado do mercado de implementos rodoviários não deve mudar muito até dezembro de 2025. “O jogo está dado e não deve ter alterações até o fim do ano. O que nos deixou contente foi a informação dada pelo economista da Anfir e do Sindipeças de que os estoques de caminhões estão baixos e isso é positivo, porque ao girar o estoque, vai girar o produto também, gerar novas vendas, é isso é importante para o setor. Tem ainda o envelhecimento da frota de caminhões que deverá estimular a renovação dos veículos porque o custo gasto com a manutenção se paga uma parcela.”

A ociosidade de 35% no setor de implementos se mantém até o fim de setembro, segundo o presidente da Anfir. “Houve ajustes de pessoas, com demissões, e algumas empresas têm reduzido turnos, impactando em pessoas, em produção, em receita e em resultados. Não é o que queremos, mas em virtude dos ajustes feitos neste ano, as empresas saem fortalecidas no próximo ano.”

Uma indústria resiliente

O presidente da Anfir recordou que a indústria de implementos saiu de 2023 para 2024 de maneira otimista. “Mas tivemos que fazer ajustes porque este ano foi muito tumultuado com tarifa dos Estados Unidos, impactos causados pelas políticas externas e guerras e estamos sobrevivendo, graças à nossa resiliência.”

Sprícigo destacou que a indústria de implementos é muito forte e tem suportado a pressão que ocorre neste mercado. “Ao menor sinal de a economia retomar, somos o primeiro a ser impactado positivamente porque temos que levar a mercadoria e temos condições de responder com rapidez, por haver capacidade para produzir mais de 110 mil implementos.”

O presidente da Anfir não considerou absurda a queda de 20% nas vendas neste ano. “Mesmo assim, ficamos num patamar de mais de 70 mil unidades.”

Por causa da queda acentuada, a indústria de implementos rodoviários brasileira já fechou cerca de 1 mil vagas em 2025. Contudo, o aumento das exportações tem ajudado a mitigar parcialmente os impactos da baixa demanda. As exportações de implementos rodoviários até agosto tiveram bom desempenho, com 3.067 produtos, crescimento de 48,38% em relação aos 2.067 implementos rodoviários vendidos no mercado internacional nos oito meses de 2024, segundo a Anfir.

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