A produção de caminhões no Brasil caiu 16,7% entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No período, foram fabricadas 49.616 unidades do segmento de pesados, ante 59.555 no mesmo intervalo de 2024 — uma queda que preocupa a entidade e expõe o enfraquecimento do mercado doméstico.
Somando todos os segmentos, a indústria produziu 98.632 caminhões nos nove primeiros meses de 2025, recuo de 3,9% em relação às 102.611 unidades de igual período do ano passado. Em setembro, a produção totalizou 10.107 unidades, praticamente estável frente a agosto (10.096), mas 23,5% abaixo de setembro de 2024 (13.210).
“Precisamos atuar para haver uma retomada no mercado de caminhões, sobretudo no segmento de pesados, que tem puxado essa retração”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Nos semipesados, houve alta de 14,5%, com 30.944 unidades produzidas até setembro, enquanto os médios registraram crescimento expressivo de 100,9%, chegando a 5.080 veículos. Os leves tiveram recuo de 5,2% (12.209 unidades) e os semileves, alta de 26,9% (783 unidades).
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Exportações sustentam parte da produção
Apesar da desaceleração doméstica, as exportações seguem em forte alta e ajudam a equilibrar os resultados da indústria. De janeiro a setembro, foram embarcadas 21.639 unidades, crescimento de 84,7% frente às 11.716 de igual período de 2024.
O destaque é novamente o segmento de pesados, com 13.220 caminhões exportados, aumento de 94,3%. Os semipesados avançaram 52,9% (5.178 unidades) e os médios, 295,4% (775 veículos). De modelos leves, foram 2.166 unidades (+94,1%), e de semileves, 300 (+40,2%).
Em CKD (veículos desmontados), as exportações somaram 5.930 unidades, praticamente estáveis ante as 5.956 de 2024.
Em setembro, as exportações caíram 3,5% em relação a agosto, com 2.669 caminhões embarcados, mas ficaram 56,2% acima do mesmo mês do ano passado.
Vendas em queda
O mercado interno continua sentindo os efeitos das altas taxas de juros. As vendas de caminhões caíram 7,7% entre janeiro e setembro, totalizando 84.066 unidades, ante 91.098 em igual período de 2024.
A retração é mais forte entre os pesados, que despencaram 20,5%, somando 36.902 veículos. Já os semipesados cresceram 7,4% (26.981 unidades), os médios avançaram 31,6% (9.155 unidades), os leves caíram 7,0% (6.827 unidades) e os semileves, 20,5% (4.201 unidades).
“Esse número não traz a totalidade do que está acontecendo no setor, porque 45% das vendas são de caminhões pesados, justamente o segmento que mais caiu”, afirmou Calvet.
No ranking de vendas, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 22.300 unidades emplacadas (-4,6%), seguida pela Mercedes-Benz, com 20.293 veículos (+10,9%). A Volvo aparece em terceiro, com 14.732 caminhões (-11,2%), e a Scania em quarto, com 10.090 (-28,2%).
A Iveco ficou em quinto lugar, com 6.202 unidades (-0,9%), e a DAF, em sexto, com 5.803 caminhões (-19,0%).
Perspectivas
Calvet disse acreditar que uma redução das taxas de juros no primeiro trimestre de 2026 poderá ajudar na recuperação gradual do setor. “Tenho conversado com representantes do governo para construir medidas que freiem essa queda brusca no mercado, sobretudo entre os pesados”, afirmou.
Apesar do quadro adverso, a demanda externa tem funcionado como um “amortecedor” para as montadoras, que ainda enfrentam estoques ajustados e restrição de crédito no mercado interno.
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