Quando elas desafiaram o comando masculino do setor de transporte

A matéria escrita em 1986 mostrava como essas mulheres conciliavam a vida familiar com a gestão de empresas, desmontando o mito de que estavam ali apenas pelo “poder de sedução” — como alguns ainda insinuavam

Aline Feltrin

Em novembro de 1986, a Transporte Moderno dedicou a reportagem de capa de sua seção “Gente” a um tema que causava espanto no setor: mulheres no comando de transportadoras.

A repórter Lígia Maria Cruz reuniu depoimentos de sete executivas que desafiavam o preconceito e a cultura de um ambiente dominado por homens. A matéria mostrava como essas mulheres conciliavam a vida familiar com a gestão de empresas, desmontando o mito de que estavam ali apenas pelo “poder de sedução” — como alguns ainda insinuavam.

O caso mais emblemático era o de Bettina Lenci, que assumiu a Translor após a morte do marido, Valter Lorsch. Herdando uma frota de 300 veículos e dívidas milionárias, Bettina diversificou operações e expandiu os negócios. “Paguei as dívidas, diversifiquei e ampliei muito a empresa”, contou na época.

Outra personagem era Nelly Nogueira, diretora da Transportadora RA, que fazia questão de afirmar: “Fui pioneira por escolha”. Aos 62 anos, comandava 700 funcionários, 12 filiais e 180 caminhões.

A reportagem também destacou Dora Pampado Casquei, que assumiu a Auto Ônibus São Manoel após a morte do marido. Viúva e mãe de quatro filhos, contratou consultorias, fez cursos de gestão e implementou inovações no transporte urbano de passageiros.

Tânia Drummond, da Transportadora Continental, trazia uma trajetória marcada pela modernização da empresa da família, equilibrando tradição com uma visão mais empresarial. E Paulina Di Giorgio e Rosahnda Cupini, sócias da Transportadora Di Giorgio, mostravam coragem para enfrentar dívidas e preconceitos, recomeçando várias vezes até firmar espaço no mercado.

Mais do que perfis individuais, a matéria de 1986 refletia um marco da presença feminina no setor de transporte rodoviário, mostrando que competência, visão empresarial e resiliência não têm gênero.

Quase quatro décadas depois, o texto soa como registro histórico da luta por espaço e respeito das mulheres no transporte — e um lembrete de que elas sempre estiveram à altura do volante da gestão.

Leia a reportagem completa na edição da TM de novembro 1986. Clique aqui

Fique por dentro de todas as novidades do setor de transporte de carga e logística:
➡️ Siga o canal da Transporte Moderno no WhatsApp
➡️ Acompanhe nossas redes sociais: LinkedInInstagram e Facebook
➡️ Inscreva-se no canal do Videocast Transporte Moderno

Veja também