O mercado brasileiro de caminhões registrou em setembro a continuidade de um movimento iniciado em maio: a liderança de um modelo médio no ranking nacional. O Volkswagen Delivery 11.180 foi o caminhão mais emplacado do país no mês, com 4.951 unidades, superando os tradicionais campeões do segmento pesado, como o Volvo FH 540 (3.930 unidades) e o Volvo VM 290 (3.337). O Mercedes-Benz Accelo 1017, que também havia figurado na ponta em meses anteriores, ficou na quarta posição, com 2.871 unidades. Os números, divulgados nesta quinta-feira (2), são Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O resultado reflete a queda na demanda por caminhões pesados em 2025, pressionada por crédito caro e pela desaceleração em setores como agronegócio e indústria de transformação. O segmento de pesados, historicamente o motor do mercado, vem perdendo fôlego, abrindo espaço para modelos médios e semileves, voltados sobretudo ao transporte urbano e de curtas distâncias.
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Entre as marcas, a Mercedes-Benz manteve-se na primeira posição, com 7.450 unidades vendidas, o que representa 28,68% de participação no mercado. Logo atrás veio a Volkswagen, muito próxima, com 7.417 unidades e 28,57% de participação. A Volvo consolidou-se em terceiro lugar, com 4.570 caminhões emplacados, equivalente a 17,61% do total. A Scania ficou com a quarta posição, somando 2.840 unidades (10,94%), seguida pela Iveco, que registrou 1.850 emplacamentos (7,13%). A DAF aparece em sexto lugar, com 1.478 unidades, garantindo 5,69% de participação. A Foton completou o ranking, com 231 caminhões, representando 0,89% do mercado.
Os 10 caminhões mais vendidos em setembro de 2025
- Volkswagen Delivery 11.180 – 4.951
- Volvo FH 540 – 3.930
- Volvo VM 290 – 3.337
- Mercedes-Benz Accelo 1017 – 2.871
- DAF XF 530 – 2.677
- Volvo FH 460 – 2.630
- Volvo VM 360 – 2.414
- Mercedes-Benz Atego 1719 – 2.378
- Volkswagen 17.210 – 2.230
- Volkswagen 26.260 – 1.295
Ascensão de modelos médios e multifuncionais
No acumulado de janeiro a setembro, os emplacamentos de caminhões somaram 81.843 unidades, retração de 7,58% frente às 88.553 do mesmo período de 2024. A Fenabrave projeta que 2025 deve encerrar com cerca de 110 mil unidades vendidas, abaixo das 118 mil de 2024.
O avanço do VW Delivery 11.180 evidencia uma transformação no perfil da frota brasileira. Por anos, o domínio dos pesados, como o FH 540, parecia incontestável. Agora, a ascensão de modelos médios e multifuncionais redesenha o panorama do transporte comercial no país.
Em entrevista ao portal Transporte Moderno em julho, o professor e coordenador de cursos automotivos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Antonio Jorge, explicou que o enfraquecimento dos investimentos em pesados está diretamente ligado ao cenário macroeconômico.
“Os caminhões pesados estão associados a projetos de médio e longo prazo, que ficam comprometidos num cenário de Selic alta. Por outro lado, a demanda por veículos médios, ideais para operações urbanas e de curta distância, continua aquecida, já que o consumo nos grandes centros permanece ativo”, afirmou.
Ele ressalta, porém, que até mesmo os segmentos de leves e médios podem sentir os impactos caso o nível de endividamento das famílias e empresas permaneça elevado.
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