Aline Feltrin, De Porto Alegre (RS)
Transporte Moderno – Os transportadores associados ao Setcergs já se recuperaram da enchente no Rio Grande do Sul?
Delmar Albarello – A recuperação total é impossível, vai demorar bastante tempo. O pessoal está tendo um otimismo muito grande e vencendo a cada dia. Uns com mais dificuldades, outros com menos. Quem foi menos afetado já conseguiu decolar, mas há empresas que tiveram um peso muito grande e até hoje não se recuperaram. Algumas, infelizmente, não vão conseguir.
Transporte Moderno – Em termos percentuais, qual o impacto?
Albarello – É difícil quantificar, mas diria que de 15% a 20% das atingidas não se recuperam.
Transporte Moderno – Quantas empresas foram atingidas?
Albarello – Não temos um número exato. Dentro das associadas do sindicato também não há um dado preciso, mas foi uma quantidade significativa. Mesmo quem não foi atingido diretamente pelas águas sofreu no faturamento. A indústria parou, o comércio parou, e consequentemente o transporte também. Então, de uma forma ou de outra, todas foram atingidas.
Transporte Moderno – E os prejuízos, dá para estimar?
Albarello – Não. É impossível. Não vou chutar números. Mas foi um prejuízo significativo, disso não há dúvida.
Transporte Moderno – Empresas fecharam as portas?
Albarello – Sim, em torno de 15% a 20% das transportadoras diretamente atingidas encerraram as atividades. A maioria, menores.
Transporte Moderno – Como o senhor enxerga uma feira como esta (TranspoSul), pouco mais de um ano após o desastre, para os negócios do setor?
Albarello – É um ânimo. A vida segue e precisamos arrumar forças onde for possível. No meio da crise surgem muitas oportunidades. O Brasil é um país que oferece boas chances, cabe a cada empresa enxergá-las. As mais organizadas têm mais facilidade para encontrar oportunidades. Já aquelas que não conseguem acompanhar e entender questões como o Custo Brasil enfrentam dificuldades muito maiores para dar a volta por cima.
Transporte Moderno – A expectativa é de R$ 1,5 bilhão em negócios na feira. Esse resultado vem dessas empresas mais estruturadas?
Albarello – Exatamente. São empresas organizadas, que ainda têm crédito – embora o crédito hoje seja um problema, assim como os juros altos.
Transporte Moderno – O senhor mencionou os juros. Como isso impacta o setor?
Albarello – Hoje você reajusta o frete e o cliente quer pagar algo em torno da inflação, de 4,8% ao ano. Mas para comprar um equipamento, que é caro, o juro está em 20% a 22% ao ano. Essa conta não fecha. Então, é preciso muito cálculo, ter visão, carteira de clientes sólida e uma expectativa real de demanda, senão não se consegue liquidar a conta depois.
Transporte Moderno – Essa alta taxa de juros pode inibir negócios em uma feira de negócios?
Albarello – Diminui, retrai, mas não impede. Quem precisa, precisa comprar. Não tem jeito. O país não pode parar. Algumas empresas renovaram há pouco tempo, mas outras estão no momento de renovar. E se não renovarem agora, lá na frente o custo de manutenção vai ser maior. Por isso ainda existem vendas e isso sustenta os negócios aqui.
A jornalista viajou a convite da organização da feira TranspoSul, que ocorreu entre os dias 23 e 26 de setembro, em Porto Alegre (RS).
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