Goiás ganha hub logístico para indústria farmacêutica

Novo terminal refrigerado no Aeroporto de Goiânia, com investimento de R$ 25 milhões, amplia armazenamento, rastreabilidade e segurança de cargas de alto valor

A imagem mostra a entrada do Aeroporto de Goiânia (GO)

Valéria Burzstein, De Goiânia (GO)*

O Aeroporto Internacional de Goiânia (GO) inaugurou o primeiro terminal de cargas totalmente refrigerado do país para produtos farmacêuticos e hospitalares. A estrutura faz parte dos investimentos do grupo CCR, agora sob a marca Motiva, que já destinou cerca de R$ 2 bilhões à expansão e modernização de terminais aeroportuários no Brasil e América Latina.

A escolha do local tem um propósito claro: atender a contínua expansão da indústria farmacêutica no Brasil e, especialmente, àquela concentrada na região e que produz 60% dos remédios mais vendidos no país.

Segundo dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), o mercado farmacêutico teve um forte crescimento em 2024, com o varejo crescendo 11% em valor e a indústria farmacêutica registrando um aumento de 12,6%, impulsionado pelo canal institucional e vendas online.

Olhando para o estado de Goiás, o eixo Anápolis–Goiânia–Aparecida de Goiânia concentra 17 indústrias e mais de 20 laboratórios. Apenas em Anápolis, no Distrito Agroindustrial (DAIA), está localizado um dos maiores polos farmacêuticos do Brasil, responsável por uma produção anual estimada entre 7 e 8 bilhões de unidades.

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Estrutura robusta

Além de uma robusta estrutura logística para carga seca e geral concentrada em um Terminal de Cargas Aéreas (TECA),cuja gestão fica a cargo da Paclog, agora o Aeroporto de Goiânia passa a contar com uma área destinada exclusivamente ao armazenamento de produtos farmacêuticos, químicos e hospitalares.

Com área construída de 2.133,31 m² e capacidade de armazenamento de 1.531,8 m³ em câmaras frias, o terminal atende às demandas específicas do setor. Para viabilizar o Terminal de Cargas Farmacêuticas do Aeroporto de Goiânia, a concessionária investiu cerca de R$ 25 milhões.

“É um projeto que reforça nosso papel como promotores do desenvolvimento regional, com foco na inovação e na segurança operacional”, afirma a diretora de Negócios Brasil da Motiva Aeroportos, Monique Henriques. “A indústria farmacêutica deve crescer acima da média nacional nos próximos anos e este terminal contribuirá para uma maior eficiência da cadeia logística deste segmento.”

(Divulgação: Motiva)

A área já conta com todas as licenças necessárias para funcionamento, incluindo a autorização da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para operações de voos cargueiros com aeronaves do modelo Boeing 767. Localizado a menos de 300 metros do pátio de aeronaves, a estrutura permite que as cargas não fiquem expostas a variações de temperatura desde o desembarque até o armazenamento, assegurando a manutenção das condições ideais e a qualidade dos produtos transportados.

O terminal tem duas câmaras frias e está apto a armazenar cargas com temperaturas entre -18ºC e 25ºC, com capacidade para até 600 toneladas de carga. Toda a estrutura do terminal é o primeiro no país a ser 100% climatizado (do recebimento até as docas), possibilitando monitoramento de carga em tempo real dentro de uma área controlada do aeroporto, o que aumenta o nível de segurança até a área.

A gerente de Cargas da Motiva Aeroportos, Lilian Françoso, acrescenta que o responsável pela carga consegue acompanhar toda a jornada em tempo real, incluindo o controle de temperatura durante o período de armazenamento. “Essa rastreabilidade garante maior segurança, transparência e conformidade com os padrões exigidos pelos setores farmacêutico e hospitalar”, explica.

Os próximos passos implicam em diversificar o menu de serviços logísticos, incluindo modalidades além do armazenamento. “A expectativa é de que o volume operado chegue a 600 toneladas de insumos farmacêuticos. Esperamos atingir a maturidade em até 16 meses, embora o crescimento pode superar as projeções iniciais. Mas vale destacar que, no caso da indústria farmacêutica, volume não é tudo, porque o valor agregado das cargas muitas vezes é altíssimo”, lembra Monique. Segundo ela, espera-se que a estrutura seja responsável, em breve por cerca de 20% da receita do aeroporto.

Goiânia: posição estratégica

O aeroporto, que tem 4 milhões de metros quadrados e é o segundo aeroporto mais relevante em termos de volume para a concessionária, vem experimentando sucessivos aumentos no volume de passageiros. Segundo dados da empresa, durante o mês de julho de 2025, passaram pelo Aeroporto de Goiânia 373.905 passageiros. O número é 12% maior que o registrado no mesmo período do ano passado e representa a maior quantidade de embarques e desembarques em um único mês na história do aeroporto, fundado em 1955. O resultado foi 10% superior à expectativa da concessionária para o período.

O Aeroporto de Goiânia também se destaca na movimentação de aeronaves da aviação executiva. Em julho, foram registrados 2.505 pousos e decolagens de jatinhos e turboélices, posicionando o terminal como o quarto com mais movimentos desse tipo no Brasil — atrás apenas dos aeroportos da Pampulha (Belo Horizonte), Jundiaí (interior de São Paulo) e Campo de Marte (São Paulo capital).

*A repórter viajou a convite da Motiva

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