A Bridgestone já começa a contabilizar o impacto da tarifa imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros que, para os pneus é de 50%. “Estamos enfrentando um momento difícil, com uma incerteza muito grande em relação ao futuro, porque a fábrica de Santo André está pronta para a exportação de 500 a 600 mil pneus de carga para a Bridgestone dos Estados Unidos, que compra os nossos pneus e distribui no mercado americano. E a filial americana está decidindo de quem vai comprar no próximo ano e tem que preparar a produção de outras fábricas em outras regiões”, comentou Lafaiete Oliveira, presidente da Bridgestone do Brasil, durante o evento do lançamento em São Paulo do pneu R 167 E para veículos urbanos.
O executivo destacou que a fábrica de Santo André foi totalmente reformada e hoje é moderna, bastante competitiva e preparada para produzir pneus de alta tecnologia para exportação. “Fazer investimentos robustos com taxa de juros elevada é um planejamento de longo prazo, mas a expectativa é de ser um exportador para o mercado americano. Vamos brigar por isso, vamos continuar a nossa luta porque o Brasil está preparado.”
Lafaiete ressaltou que o pior no ambiente de negócio é a incerteza e mudar a estratégia de exportação para outros mercados não é fácil. “Ainda não temos clareza em relação ao que vai acontecer. Estivemos com o presidente da Anip e uma comitiva em Washington e voltamos sem nada claro em relação ao que será feito. Estamos num impasse, com tudo paralisado, essa é a grande verdade.”
Os Estados Unidos são o maior mercado de exportação da Bridgestone, mas a empresa também comercializa seus pneus de carga na Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia e México. “Estamos prontos para suprir o mercado brasileiro e internacional com capacidade de produção, tecnologia, qualidade e competitividade”, ressaltou o presidente.
Concorrência com asiáticos
O presidente da Bridgestone comentou também que o mercado de pneus vem sendo impactado com a inundação de pneus asiáticos. “Estamos trabalhando com a Anip e o governo para tentar regulamentar a entrada de pneus de baixo custo e baixa qualidade no país. Fizemos uma reorganização fabril, concentrando a produção de veículos de passeio na fábrica de Camaçari, na Bahia, e de pneus de carga na planta de Santo André (SP), com base em um planejamento de longo prazo para aumentar a capacidade de atender o mercado local e a exportação”, disse Lafaiete.
O executivo destacou que o índice de recapabilidade dos pneus importados em geral é menos do que uma vez e para os produtos da marca são três anos de garantia. “Nos diferenciamos deste modelo de negócio, trazendo conhecimento sobre o ciclo total do produto e fazendo o transportador entender que ele não compra um produto para consumir, mas compra um ativo. É assim que a gente se posiciona entendendo o grande desafio de fazer negócio no ambiente que temos.”