Transportadoras aumentam aportes em tecnologia e avançam na mensuração de carbono

Com pressões de custos, falta de mão de obra e infraestrutura precária, empresas começam a combinar investimentos em tecnologia, frota e práticas ambientais para manter competitividade

Aline Feltrin

Responsável por cerca de 11% das emissões nacionais de gases de efeito estufa, o setor de transporte vive um momento de inflexão. Pressionado por gargalos estruturais e pela necessidade de atender à crescente demanda logística, o segmento também começa a incorporar a agenda de sustentabilidade como parte de sua estratégia de negócios.

Os números apresentados recentemente no Itaú BBA Talks refletem esse movimento. Segundo levantamento divulgado no evento, 37,8% dos investimentos previstos para os próximos 12 meses serão direcionados à expansão de infraestrutura, enquanto 27% irão para inovação tecnológica e 22,5% para renovação de frota. Apenas 0,9% das empresas afirmaram não planejar aportes no período.

No campo ambiental, a pesquisa revelou que 28,8% das companhias já mensuram suas emissões de carbono, 15,2% estão começando a implementar essa prática e 22,7% ainda não deram passos concretos.

Na TransJordano, a inovação tecnológica está no centro da estratégia. A empresa vem ampliando as capacidades de sua torre de controle, incorporando inteligência artificial às câmeras de monitoramento para aumentar a segurança no transporte de cargas perigosas e elevar a produtividade.

“Nos próximos meses vamos lançar nossa matriz de materialidade. Já possuímos inventário de emissões de CO₂ e estamos implementando ações concretas para reduzir nosso impacto ambiental”, afirma Joyce Bessa, diretora de estratégia e gestão (foto abaixo).

(Divulgação: Transjordano)

A companhia também projeta uma nova sede corporativa com foco em eficiência energética e bem-estar dos colaboradores. O investimento em pessoas, especialmente motoristas, é outra prioridade. Programas de reconhecimento e qualidade de vida têm ajudado na retenção em um mercado pressionado pela falta de mão de obra.

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Eficiência operacional e dilemas da transição energética

A transportadora Anacirema está direcionando recursos para integração de sistemas e análise preditiva de dados, agilizando operações e aumentando a eficiência de sua torre de controle.

No campo ambiental, a empresa já faz aferição periódica da frota pelo programa Despoluir, adota plano de manutenção preventiva e colocou em operação um caminhão elétrico para distribuição urbana.

“Conciliar sustentabilidade com viabilidade econômica não tem sido fácil. O investimento em veículos com fontes renováveis ainda é maior, e o mercado nem sempre remunera essa diferença. A grande questão é: quanto vale o benefício para o meio ambiente?”, afirma o diretor José Alberto Panzan (foto abaixo).

(Divulgação)

Ganhos com frota moderna

A Tomasi Logística aposta simultaneamente em expansão e sustentabilidade. Além de crescer no Brasil e no Mercosul, a empresa implantou carretas elétricas regenerativas, que reduziram em 20% o consumo de combustível, e incorporou veículos Euro 6, responsáveis por elevar a produtividade em cerca de 15%.

“Cada avanço em sustentabilidade também gera ganhos econômicos”, diz o diretor executivo Diego Tomasi (abaixo). A companhia firmou parceria para realizar seu primeiro inventário de carbono em 2025 e definir metas de redução.

(Divulgação: Tomasi)

Desafios estruturais ainda pesam

Apesar dos avanços, problemas históricos continuam a impactar o transporte: escassez de mão de obra qualificada, alta carga tributária, volatilidade do diesel e infraestrutura precária.

Para lidar com a questão dos motoristas, empresas como TransJordano e Tomasi têm apostado em programas de treinamento e atração de talentos. Já Anacirema reforça iniciativas de telemetria e roteirização para reduzir custos e aumentar a eficiência.

“O futuro será construído por empresas que entendem que inovar e adotar práticas sustentáveis não é obrigação, mas parte do caminho para crescimento competitivo e eficiente”, resume Fábio Villa, diretor comercial do Itaú BBA.

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