Portos privados ganham participação e já movimentam quase dois terços da carga nacional

Entre os terminais privados, o Porto Itapoá (SC) se destacou como o principal TUP de contêiner no semestre, consolidando sua posição estratégica no corredor Sul-Sudeste

Aline Feltrin

Enquanto a balança comercial marítima do Brasil recuou no primeiro semestre de 2025, pressionada pela queda nas exportações, os terminais de uso privado (TUPs) mantiveram trajetória de expansão e ganharam relevância no sistema portuário nacional.

Segundo o relatório semestral da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), divulgado nesta segunda-feira (22), os TUPs movimentaram 422,3 milhões de toneladas entre janeiro e junho, crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2024. Com isso, responderam por 64,6% da carga nacional transportada por via marítima, reforçando a tendência de liderança frente aos portos públicos, que registraram retração de 0,53%, para 231,5 milhões de toneladas.

No total, o sistema portuário brasileiro movimentou 653,7 milhões de toneladas (+1%), segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Carga conteinerizada em destaque

A carga conteinerizada foi o principal motor do crescimento, com alta de 6,2% no semestre, refletindo maior dinamismo em setores industriais e de consumo. Também houve avanço em carga geral (+5,2%) e granel sólido (+0,7%). O único segmento em retração foi o de granel líquido e gasoso (-1,4%), impactado pela menor movimentação de combustíveis minerais.

Entre os terminais privados, o Porto Itapoá (SC) se destacou como o principal TUP de contêiner no semestre, consolidando sua posição estratégica no corredor Sul-Sudeste.

Expansão regional

A movimentação dos TUPs cresceu em todas as regiões, com exceção do Centro-Oeste, onde a recuperação das operações após a seca de 2024 ainda é recente. No Norte, os terminais privados avançaram 2,35%, contrastando com a queda registrada no desempenho global da região (-1,2%). No Nordeste, o crescimento foi de 1,9%, e no Sudeste, de 1,2%.

Comércio exterior em retração

O avanço dos TUPs ocorreu em um cenário desafiador para o comércio marítimo. O saldo da balança comercial por via marítima caiu 17,2%, para US$ 46,99 bilhões, pressionado por exportações de US$ 144,7 bilhões (-3,5%) e importações de US$ 97,7 bilhões (+4,8%).

Segundo a ATP, o desempenho negativo das exportações foi puxado pela queda nos preços médios da soja (-9,6%), do petróleo (-7,9%) e do minério de ferro (-16,6%).

Perspectivas

Para o segundo semestre, a expectativa da ATP é de cautela, com estabilização nos preços da soja e do petróleo, mas sob influência de fatores externos como conflitos geopolíticos e alterações tarifárias em grandes mercados.

“As mudanças nas políticas comerciais e nas condições externas podem seguir impactando o comércio marítimo, reforçando a necessidade de adaptação dos terminais privados para sustentar a competitividade do Brasil”, afirma Murillo Barbosa, presidente da associação, que reúne 72 terminais em segmentos como agronegócio, mineração, siderurgia, petróleo e gás, contêineres e complexos logísticos.

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