A ZF, uma das principais fornecedoras globais de tecnologias para veículos comerciais, iniciou em sua planta de Limeira (SP) a produção nacional da Unidade de Controle Eletrônico (UCE) para sistemas de freio com controle de estabilidade. A iniciativa atende a uma demanda antiga das montadoras por soluções locais e deve reduzir custos logísticos, exposição cambial e tempo de fornecimento.
Segundo Caio Fattori, gerente de Gestão de Produto da ZF América do Sul, a decisão foi motivada por exigências legais que tornam obrigatórios sistemas eletrônicos de segurança, como ABS e controle de estabilidade, pela busca das montadoras por fornecedores locais e pela necessidade de reduzir a dependência de importações, criticamente exposta durante a crise global de semicondutores.
“Produzir localmente diminui o tempo de fornecimento, simplifica o serviço com as montadoras e reduz riscos de importação. Antes, a cadeia entre a produção na Europa e o cliente no Brasil podia levar de quatro a cinco meses. Agora conseguimos entregar em semanas”, afirma Fattori.
Redução de custos e ganhos de competitividade
A planta de Limeira já produz módulos eletrônicos para veículos leves desde 2013, incluindo controladores de airbag e direção elétrica. A adaptação para veículos comerciais permitiu ampliar a produção com investimentos menores, utilizando equipamentos flexíveis que poderão ser aplicados a futuros lançamentos.
Para as montadoras, a economia obtida com um componente eletrônico de alto valor agregado se reflete diretamente no custo final do caminhão, reduzindo despesas logísticas e cambiais, além de aumentar o conteúdo local, o que facilita acesso a linhas de financiamento mais baratas, explica Plínio Casante, head da divisão de eletrônicos da ZF América do Sul. Executivos destacam que a soma de fatores tangíveis e intangíveis — tempo de entrega, fluxo de caixa e previsibilidade — foi decisiva para a adoção do fornecimento local.
A planta de Limeira obteve certificação europeia E1, permitindo fornecer o módulo para caminhões globalmente e abrindo caminho para exportações indiretas via montadoras instaladas no Brasil. “Mesmo sem legislação específica em países vizinhos, veículos exportados para Argentina, Chile ou Colômbia já saem equipados com a tecnologia, aumentando a competitividade do produto brasileiro no Mercosul”, afirma Casante.
Funcionalidades e segurança
A UCE nacionalizada permite funcionalidades como controle de estabilidade (ESC), assistente de partida em rampa (HSA), controle de tração (ATC) e ABS. O ESC é especialmente relevante para reduzir acidentes com tombamentos e saídas de pista, um dos principais motivos de sinistros com veículos comerciais no país, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte.
O projeto brasileiro segue a mesma arquitetura de hardware e software da Europa, eliminando longos processos de homologação e garantindo compatibilidade com clientes que já utilizavam a tecnologia importada. A produção local também segue padrões rigorosos de rastreabilidade e ensaios de bancada, vibração e rodagem, assegurando confiabilidade e qualidade comparável à fornecida globalmente.
Linha de produção única no Brasil
A unidade de Limeira é a única no país dedicada à produção de componentes eletrônicos de segurança para veículos comerciais. Desde 2013, já produziu mais de oito milhões de unidades eletrônicas para sistemas de freio, direção e airbags. A planta é modular e flexível, podendo expandir a produção para novas tecnologias conforme a demanda.
“A produção da UCE para veículos comerciais modernizou e ampliou nossa operação em Limeira, com novos equipamentos automatizados e testadores de performance que garantem rastreabilidade completa”, afirma Casante.
Com a nacionalização, a ZF busca fortalecer a cadeia produtiva local, aumentar a competitividade e preparar o mercado brasileiro para a incorporação de tecnologias mais sofisticadas em veículos comerciais. “Essa iniciativa é estratégica, não só para atender à demanda por tecnologias embarcadas, mas também para posicionar o Brasil como um hub de produção competitivo na América do Sul”, conclui Fattori.
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