A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) espera financiar de 23 mil a 24 mil veículos pesados por mês no segundo semestre deste ano. “No primeiro semestre foram financiados 136 mil veículos pesados, considerando esse ritmo, projetamos o financiamento aproximado de 300 mil veículos pesados ao longo de 2025”, afirma Enilson Sales, presidente da Anef.
Com o reflexo direto do cenário econômico desafiador, os bancos de montadoras começam a sentir os efeitos de retração do mercado de caminhões, segundo o presidente da Anef. “A elevação da taxa Selic e o aumento da inadimplência pressionam o custo do crédito, impactando negativamente a demanda por financiamento de caminhões.”
Mas a busca por novas linhas de crédito continua constante, segundo o presidente da Anef, impulsionada principalmente pela necessidade de renovação de frota.
“Entretanto, o alto custo do crédito e a rigidez na concessão — especialmente nos critérios de score de crédito — ainda são entraves”, diz Sales.
Com os R$ 22,4 bilhões concedidos em maio, a Anef projetava para o primeiro semestre a liberação de R$ 122,6 bilhões, mas o montante atingiu R$ 127,4 bilhões, mantendo-se estável em relação aos seis meses do ano passado, quando totalizou R$ 127,3 bilhões.
Segundo a Anef, esse resultado indica uma leve recuperação do mercado, especialmente após a retração de 4,3% registrada no primeiro trimestre deste ano.
“Diante de um primeiro semestre marcado por instabilidade econômica e incertezas fiscais, o mercado de financiamento de veículos entra no segundo semestre de 2025 com projeções cautelosas. A manutenção do volume de crédito em R$ 127 bilhões indica uma resiliência importante”, afirma o presidente da entidade.
Na avaliação de Sales, os próximos meses dependerão de fatores-chave como a oferta de crédito e a confiança do consumidor. “Com o Banco Central mantendo a Selic em 15% e sem perspectiva de redução no curto prazo, o custo do financiamento continua elevado, restringindo o acesso principalmente para pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, a volatilidade tributária e o cenário internacional instável adicionam camadas de incerteza à tomada de decisão de consumidores e empresas. A expectativa é de um desempenho moderado até o fim do ano, com o setor apostando em estratégias próprias”.
O presidente da Anef alerta para o possível impacto da tarifa dos Estados Unidos. “No Brasil, o transporte rodoviário é essencial para o agronegócio, e ainda não é possível mensurar o efeito dessas tarifas no mercado de financiamento de caminhões pesados e extrapesados. Não há clareza suficiente para projeções”, afirma.
Modalidades de financiamento
Entre as modalidades de financiamento, o crédito direto ao consumidor (CDC) continua tendo maior representatividade, absorvendo R$ 126,5 bilhões dos R$ 127 bilhões de recursos liberados no primeiro semestre deste ano.
Mas a Anef destaca que houve mudança de comportamento entre os consumidores, com leve aumento nas compras à vista em todos os segmentos no primeiro semestre deste ano.
Nas negociações de caminhões e ônibus, houve um salto de oito pontos percentuais nas compras à vista, que passaram de 25% para 33%. O financiamento recuou levemente, de 40% para 39%. O Finame teve queda significativa, de 31% para 20%, e o consórcio cresceu de 4% para 7%. O leasing voltou a aparecer, com 1% de participação.
Segundo Sales, a alienação fiduciária continua sendo a modalidade mais utilizada para o financiamento de caminhões, principalmente pela sua maior segurança jurídica para as instituições financeiras. “De acordo com dados do Banco Central, a distribuição das modalidades de crédito para o setor de veículos pesados é 58,6% para alienação fiduciária, 29,4% para crédito sem garantia, 6,7% para leasing e 5,3% para outras modalidades.”
Como indicativo positivo, a Anef destaca o crescimento de 13,4% no saldo total das carteiras de veículos, de R$ 450 bilhões para R$ 510,8 bilhões nos seis primeiros meses deste ano.
Para o ano, a Anef mantém a expectativa de aumento de 8,5% para o valor de recursos a ser disponibilizado em 2025, com o montante de R$ 297 bilhões, mas faz ressalvas devido à alta taxa de juros. “Estamos atentos ao comportamento do mercado e à conjuntura econômica, que ainda impõem desafios à previsibilidade”, destaca o presidente.
Confira a reportagem completa na edição 528 da Transporte Moderno. Acesse e baixe agora!
Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.