Mercedes-Benz testa caminhões a hidrogênio em clientes e avança rumo à produção em série

Industrialização em larga escala, segundo a Daimler, deve ocorrer apenas no início da década de 2030

Redação

A Daimler Truck concluiu a primeira fase de testes com seus caminhões a hidrogênio Mercedes-Benz GenH2, que já rodaram mais de 225 mil quilômetros em operações reais de logística na Alemanha. Cinco unidades pré-série foram entregues em julho de 2024 a empresas como Air Products, Amazon, Holcim, INEOS Inovyn e Wiedmann & Winz, permitindo avaliar a confiabilidade e eficiência da tecnologia em diferentes aplicações.

De acordo com a montadora, os veículos apresentaram consumo médio entre 5,6 kg/100 km e 8 kg/100 km de hidrogênio líquido, transportando cargas de 16 a 34 toneladas. Ao todo, foram realizados 285 abastecimentos, que somaram cerca de 15 toneladas de hidrogênio líquido (sLH2), em postos nas cidades de Woerth am Rhein e Duisburg.

Michael Scheib, chefe de desenvolvimento de veículos completos da Mercedes-Benz Trucks, afirmou que a experiência foi fundamental para aprimorar o produto.

“Os testes confirmam desempenho, confiabilidade e eficiência em diferentes operações de transporte. Isso nos permite refinar a tecnologia e preparar a produção em série de acordo com as necessidades dos clientes”, disse.

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Operações práticas

As empresas participantes utilizaram os caminhões em rotas e operações específicas. A Amazon operou em um trajeto fixo entre centros logísticos na Alemanha; a Holcim empregou o veículo no transporte de cimento; já a Air Products o utilizou para distribuição de gases industriais. Os clientes destacaram a autonomia de até 1.000 km e os reabastecimentos rápidos de 10 a 15 minutos, características comparáveis ao desempenho dos caminhões a diesel.

Motoristas também elogiaram o conforto, baixo ruído e a entrega de potência dos veículos, que contam com célula a combustível de 300 kW e bateria de 70 kWh para picos de energia.

Desafios à frente

Apesar dos avanços técnicos, a Daimler reconhece que a expansão da infraestrutura de abastecimento continua sendo o principal entrave. Estima-se que serão necessárias 2.000 estações de hidrogênio na Europa até 2030 para viabilizar operações em grande escala. Outro desafio é a competitividade econômica: os custos de hidrogênio e seguros ainda tornam inviável um TCO (custo total de operação) equivalente ao diesel.

A companhia prepara uma segunda fase de testes no fim de 2025, com novos clientes e diferentes aplicações, além da produção de uma série inicial de 100 caminhões na fábrica de Woerth, prevista para começar em 2026. A industrialização em larga escala, segundo a Daimler, deve ocorrer apenas no início da década de 2030.

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