Financiamento de caminhões recua 5,1% até agosto, com queda em novos e usados

Juros altos e crédito restrito reduzem demanda por financiamento de caminhões; transportadoras ainda recorrem a seminovos, mas ritmo perde fôlego

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Aline Feltrin

O mercado de financiamento de caminhões segue em retração em 2025. Entre janeiro e agosto, foram registradas 165.464 operações de crédito, queda de 5,1% em relação às 174.383 do mesmo período de 2024, segundo levantamento da B3 obtido por Transporte Moderno.

Em agosto, a queda foi ainda mais acentuada: 21.102 financiamentos, redução de 19,2% sobre igual mês de 2024, quando o volume alcançou 26.109 operações.

A maior pressão está sobre os caminhões novos, segmento mais sensível às condições de crédito. No acumulado do ano, foram financiadas 74.083 unidades, recuo de 17,6% ante as 89.912 operações de 2024.

Em agosto, porém, houve uma inversão: as vendas financiadas saltaram para 21.102 unidades, crescimento de 52,7% sobre as 13.811 registradas em agosto de 2024.

Usados também recuam

Nos caminhões usados, o desempenho mostra estabilidade no acumulado, mas queda no mês. De janeiro a agosto, foram 91.381 financiamentos, praticamente em linha com as 90.975 operações de 2024 (alta de 0,4%).

Em agosto, contudo, houve retração de 3,2%, com 11.907 unidades, ante 12.298 do ano passado. O resultado indica que, embora muitos transportadores ainda recorram a veículos de segunda mão diante das dificuldades para financiar modelos zero quilômetro, a demanda também começa a ceder.

Esse movimento tem impacto direto nas concessionárias multimarcas. Segundo a Fenauto, o mercado de seminovos e usados registrou crescimento em julho, mas a entidade pondera que ainda é cedo para confirmar uma trajetória de recuperação firme.

“O resultado surpreendeu tanto no segmento de pesados como nos demais que compõem o mercado de seminovos e usados”, disse o presidente da Fenauto, Enilson Sales. “A economia e a questão do crédito seguem cercadas de incertezas que podem frear essa trajetória.”

Crédito automotivo no Brasil

O cenário negativo não se restringe aos pesados. Em agosto, os veículos leves apresentaram queda de 4,5% frente ao mesmo mês de 2024 e de 5,6% em relação a julho deste ano. Já os autos pesados recuaram 9,9% na comparação com julho e 15,9% ante agosto do ano passado.

No total, considerando leves, pesados e motos, foram financiados 622 mil veículos em agosto, baixa de 1,5% em relação a 2024 e de 2,7% frente a julho.

LEIA MAIS

Tata Motors adquire Iveco Group por 3,8 bilhões de euros
Michelin decide encerrar fábrica em Guarulhos neste ano e atribui decisão à concorrência com importados
Carlos Panzan, presidente da FETCESP: “Aumento do biodiesel eleva custos e compromete a eficiência do transporte rodoviário”

No acumulado de 2025 até agosto, o crédito automotivo soma 4,669 milhões de unidades, entre novos e usados – um recuo de 0,4% em relação ao mesmo período de 2024, ou 20 mil veículos financiados a menos.

“O resultado de agosto apresentou o melhor desempenho por dia útil do ano até o momento, com 29,6 mil veículos financiados. Esse desempenho mostra que o mercado continua aquecido, superando inclusive o excelente resultado registrado no ano anterior”, afirma Daniel Takatohi, superintendente de Produtos de Financiamentos na B3.

A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), maior base privada do país, que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o território nacional.

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também