O transporte de cargas no Brasil convive há décadas com desafios estruturais — da concentração do modal rodoviário à precariedade da malha viária. Nos últimos anos, porém, o avanço tecnológico vem abrindo caminho para uma mudança de paradigma. De acordo com o Instituto Brasil Logística (IBL), os investimentos em transporte e logística saltaram de R$ 34,3 bilhões, em 2022, para R$ 63 bilhões em 2024, um crescimento de 84% em apenas dois anos.
A digitalização é o eixo central desse movimento. Ferramentas de roteirização inteligente, plataformas de gestão em tempo real e sensores aplicados a veículos e estoques estão permitindo às companhias ampliar o controle sobre suas operações, reduzir desperdícios e aumentar a previsibilidade.
“Tecnologias como rastreamento em tempo real e sistemas avançados de gestão são essenciais para minimizar perdas comuns na cadeia logística, como o desperdício de produtos perecíveis ou atrasos. Essas inovações contribuem diretamente para aumentar a segurança e a eficiência das operações”, afirma AliceAna Paiva, diretora comercial da Tragetta, nova marca de transporte de carga do Grupo FEMSA.
O Brasil também acompanha uma tendência global de forte expansão da inteligência artificial aplicada ao setor. Segundo o relatório The State of AI in Logistics 2023, da consultoria McKinsey & Company, os aportes em IA voltados à logística no país alcançaram US$ 1,9 bilhão em 2023 — uma alta de 46% em relação ao ano anterior. A previsão é de que o ritmo de crescimento se mantenha até o fim da década, à medida que operadores buscam maior eficiência em um cenário de custos elevados e margens pressionadas.
A logística do futuro
Empresas do setor já começam a materializar esse salto tecnológico em escala. A Tragetta, por exemplo, estruturou uma operação com mais de 3.300 veículos, incluindo frota climatizada e elétrica, apoiada em uma Central Logística inteligente. O sistema combina algoritmos de otimização de rotas, aplicativos para motoristas e metodologias próprias de gerenciamento de risco, além de princípios lean voltados à redução de desperdícios.
“A logística do futuro exige decisões rápidas, dados integrados e operações transparentes. Ao incorporar tecnologias de ponta ao nosso modelo, conseguimos entregar não só eficiência, mas também confiança e previsibilidade para toda a cadeia”, conclui Paiva.
O desafio, segundo Paiva, será transformar o avanço tecnológico em ganhos estruturais duradouros. Isso inclui desde a integração das soluções digitais entre embarcadores e transportadoras até a superação de entraves regulatórios e de infraestrutura. A velocidade dos investimentos sugere, contudo, que o setor está mais próximo de um salto qualitativo do que em qualquer outro momento recente.
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