Terminal portuário de Navegantes projeta repetir 1 milhão de TEUs movimentados em 2025

Portonave mantém liderança em produtividade, mas cobra avanços em infraestrutura logística de Santa Catarina

Aline Feltrin

A Portonave, terminal portuário de Navegantes (SC), prevê encerrar 2025 com movimentação semelhante ao ano anterior, na casa de 1 milhão de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés). Embora o volume não seja maior do que o de 2024, a companhia reforça sua aposta em produtividade no país. Segundo levantamento da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o terminal alcançou média de 115 movimentos por hora (MPH) no primeiro semestre deste ano, 40% acima do desempenho registrado antes do início das obras de adequação do cais.

O terminal possui capacidade atual de 1,5 milhão de TEUs anuais. Em 2024, movimentou 1,2 milhão de contêineres, e de janeiro a julho deste ano já foram processados 618 mil TEUs. A projeção é repetir a marca de 2024.

Os principais produtos exportados pelo terminal em 2024 foram madeira e derivados (42%), carnes congeladas (35%) e papel (7%). Nas importações, plásticos (15%), maquinário (13%) e têxteis (11%) lideraram o fluxo, segundo dados da consultoria Datamar.

Investimentos em adequação

Para atender navios de até 400 metros de comprimento, a Portonave está investindo R$ 1,5 bilhão em obras de adequação do cais e na compra de novos equipamentos: dois guindastes de cais (STS), 14 guindastes de pátio (RTGs), uma empilhadeira elétrica e dois scanners de inspeção de cargas. Após a conclusão das obras, a capacidade do terminal aumentará para 2 milhões de TEUs por ano.

O projeto também inclui a instalação do sistema de “shore power”, que permitirá alimentar embarcações com energia elétrica enquanto estiverem atracadas, reduzindo emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, o transporte marítimo responde por 3% das emissões globais de CO₂.

Na frente tecnológica, a empresa destaca o aplicativo “Siga em Frente”, que facilita a rotina dos motoristas que acessam o terminal, agilizando os procedimentos de entrada e saída de contêineres. O sistema atende diariamente cerca de 2 mil caminhões, com picos de mais de 3 mil acessos.

Além disso, os novos scanners, parte de um pacote de R$ 439 milhões em tecnologia, contarão com ferramentas de inteligência artificial para análise de cargas e deverão inspecionar até 120 caminhões por hora.

Gargalos logísticos

Apesar dos investimentos privados, a empresa alerta para as limitações estruturais do estado. Santa Catarina depende fortemente do modal rodoviário, responsável por 68% da matriz de transportes, segundo a FIESC. As rodovias BR-470 e BR-101, principais eixos logísticos da região, operam em nível crítico, com fluxo forçado ou interrompido.

Projetos de novas ferrovias e de incentivo à cabotagem, como a BR do Mar, estão em estudo, mas a lentidão das obras rodoviárias preocupa. “É necessário que as duplicações avancem de modo célere. Sem isso, a competitividade da indústria catarinense fica em risco”, alerta Osmari de Castilho Ribas, diretor-superintendente administrativo da Portonave.

Perspectivas

A Portonave projeta crescimento nas exportações de madeira e cerâmica, segmentos com maior demanda nos mercados dos Estados Unidos e da Europa. O terminal já é líder nacional na exportação de carne suína, com 31% de participação em 2024, e ocupa posições relevantes em aves, plásticos, têxteis e madeira.

Segundo Ribas, o futuro da logística portuária catarinense dependerá da velocidade dos investimentos públicos em acessos. “Santa Catarina tem uma indústria robusta, mas é fundamental que a infraestrutura acompanhe o crescimento”, afirma.

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