O mercado de financiamento de caminhões no Brasil segue em retração em 2025. Entre janeiro e julho, foram registradas 144.362 operações de crédito, queda de 6,7% em relação às 154.778 do mesmo período de 2024, segundo levantamento da B3 obtido por Transporte Moderno.
O tombo reflete o ambiente macroeconômico desafiador, marcado por juros elevados e pela cautela de bancos e transportadores. Em julho, o recuo foi mais acentuado: 23.218 financiamentos, baixa de 8,6% sobre igual mês do ano anterior (25.402).
A maior pressão está sobre os caminhões novos, segmento mais sensível às condições de crédito. No acumulado do ano, foram 64.888 unidades financiadas, redução de 14,7% ante as 76.101 operações de 2024. Apenas em julho, o volume caiu 20,2%, com 10.121 operações, contra 12.688 no mesmo mês do ano passado.
No mercado de usados, a retração foi menos acentuada. Entre janeiro e julho, foram 79.474 unidades, queda de 1,2% em relação a 2024 (78.677). Porém, em julho houve reação: alta de 3%, para 13.097 operações, frente a 12.714 no ano anterior — o que pode significar que muitos transportadores têm optado por veículos de segunda mão diante da maior restrição para modelos zero quilômetro.
Esse movimento refletiu nos resultados de vendas das concessionárias multimarcas. Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), 42.907 caminhões usados foram comercializados em julho, avanço de 15,2% em relação a junho e de 29,6% frente a julho de 2024. No acumulado do ano, as vendas somam 243.343 unidades, crescimento de 24,3%.
“O resultado surpreendeu tanto no segmento de pesados como nos demais que compõem o mercado de seminovos e usados”, disse ao portal Transporte Moderno o presidente da Fenauto, Enilson Sales. Ele ponderou, no entanto, que ainda é cedo para confirmar uma tendência de recuperação: “A economia e a questão do crédito seguem cercadas de incertezas que podem frear essa trajetória.”
Arcelio dos Santos Júnior, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), reforça a cautela: “É um bom início de semestre, mas o mercado permanece desafiado pelo crédito caro e pela insegurança nos investimentos.”
Recentemente, a entidade revisou suas projeções para 2025. A expectativa é de 113.562 caminhões novos emplacados no ano, queda de 7% em relação a 2024. Até junho, a previsão era de crescimento de 4,5%. “O setor depende diretamente do PIB e do crédito acessível. A taxa de juros elevada continua pesando fortemente”, acrescentou o executivo.
O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) permanece como principal instrumento de aquisição, mas acumulou 116.694 operações até julho, queda de 9,8% em relação a 2024 (129.434).
Desempenho geral
As vendas financiadas de veículos no Brasil totalizaram 639 mil unidades em julho, considerando novos e usados de todos os segmentos (autos leves, pesados e motos), segundo a B3. O volume representa alta de 2,1% em relação a julho de 2024 e de 14,2% frente a junho deste ano.
Nos automóveis leves, houve retração de 1,9% na comparação anual, mas avanço de 16,6% frente ao mês anterior. O financiamento de motos manteve ritmo forte, com crescimento de 17,9% sobre julho de 2024 e de 8,5% em relação a junho.
No acumulado de 2025, até julho, foram financiadas 4,047 milhões de unidades, queda leve de 0,3% em relação ao mesmo período de 2024 — cerca de 11 mil operações a menos.
“O mercado apresentou um desempenho positivo em relação ao mesmo período do ano anterior, especialmente considerando a elevada base de comparação. Já na comparação com junho, o resultado é influenciado pelo maior número de dias úteis, uma vez que a média diária de financiamentos foi 0,7% inferior em julho”, afirmou Thiago Gaspar, superintendente de Relacionamento com Clientes e Relações Institucionais da B3.
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