Recursos liberados pelos bancos de montadoras se mantêm estáveis no primeiro semestre

Do total de R$ 127,4 bilhões disponibilizados nos seis meses deste ano, R$ 126,5 bilhões foram absorvidos pelo CDC.  Nas negociações de caminhões e ônibus, o financiamento recuou de 40% para 39%, o Finame caiu de 31% para 20% e a compra à vista aumentou de 25% para 33%, segundo a Anef

Sonia Moraes

Os bancos de montadoras liberaram R$ 127,4 bilhões para o financiamento de veículos no primeiro semestre de 2025. Mesmo diante de juros elevados, com taxa Selic em 15% ao ano – o maior patamar desde 2006 –, o recurso se manteve estável em relação ao mesmo período de 2024, que foi de R$ 127,3 bilhões, conforme mostra o boletim da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), com base em informações do Banco Central.

Segundo a Anef, esse resultado indica uma leve recuperação do mercado, especialmente após a retração de 4,3% registrada no primeiro trimestre deste ano.

“Diante de um primeiro semestre marcado por instabilidade econômica e incertezas fiscais, o mercado de financiamento de veículos entra no segundo semestre de 2025 com projeções cautelosas. A manutenção do volume de crédito em R$ 127 bilhões indica uma resiliência importante”, afirma Enilson Sales, presidente da entidade.

Na avaliação de Sales, os próximos meses dependerão de fatores-chave como a oferta de crédito e a confiança do consumidor. “Com o Banco Central mantendo a Selic em 15% e sem perspectiva de redução no curto prazo, o custo do financiamento continua elevado, restringindo o acesso principalmente para pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, a volatilidade tributária e o cenário internacional instável adicionam camadas de incerteza à tomada de decisão de consumidores e empresas. A expectativa é de um desempenho moderado até o fim do ano, com o setor apostando em estratégias próprias”.

O presidente da Anef alerta para o possível impacto da tarifa dos Estados Unidos. “No Brasil, o transporte rodoviário é essencial para o agronegócio, e ainda não é possível mensurar o efeito dessas tarifas no mercado de financiamento de caminhões pesados e extrapesados. Não há clareza suficiente para projeções”, afirma.

Modalidades de financiamento

O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) continua sendo a modalidade com maior representatividade, absorvendo R$ 126,5 bilhões do total de R$ 127 bilhões de recursos liberados no primeiro semestre deste ano.

A Anef destaca que houve uma mudança de comportamento entre os consumidores, com leve aumento nas compras à vista em todos os segmentos no primeiro semestre deste ano.

Nas negociações de caminhões e ônibus, o destaque está para o salto de oito pontos percentuais nas compras à vista, que passaram de 25% para 33%. O financiamento recuou levemente, de 40% para 39%. O Finame teve queda significativa, de 31% para 20%, e o consórcio cresceu de 4% para 7%. O leasing voltou a aparecer, com 1% de participação.

Em veículos leves, a participação de compras à vista aumentou de 50% para 52%. Os financiamentos de automóveis caíram de 46% para 43%; e o consórcio aumentou de 4% para 5%.

A inadimplência, acima de 90 dias para pessoa física, variou menos de um ponto percentual, atingindo 6,3%. Para a pessoa jurídica, permanece em 3%, segundo a Anef.

Como indicativo positivo, a Anef destaca o crescimento de 13,4% no saldo total das carteiras de veículos, que saltaram de R$ 450 bilhões para R$ 510,8 bilhões nos seis primeiros meses deste ano.

A Anef informa que a expectativa de crescimento de 8,5% para o valor de recursos a ser disponibilizado neste ano está mantida, mas com ressaltas. “Estamos atentos ao comportamento do mercado e à conjuntura econômica, que ainda impõem desafios à previsibilidade”, destaca o presidente.

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