Multilog planeja dobrar operação e alcançar faturamento de R$ 3 bilhões até 2028

Para atingir a meta, a operadora logística integrada de Santa Catarina anunciou um ciclo de investimentos de R$ 900 milhões, com a maior parte destinada a São Paulo

Aline Feltrin

De Balneário Camburiú (SC)

A Multilog, uma das maiores operadoras de logística integrada do país, anunciou recentemente um plano de investimentos de R$ 900 milhões para o período de 2026 a 2028, com a meta de dobrar o tamanho da operação e alcançar R$ 3 bilhões de faturamento ao fim do ciclo. Em entrevista ao portal Transporte Moderno durante a feira Logistique 2025, em Balneário Camboriú (SC), o presidente da companhia, Djalma Vilela, disse que mais da metade desse valor será destinada a São Paulo, principal centro econômico e logístico do país, enquanto o restante será aplicado no Sul do Brasil. “A decisão é estratégica e ligada à reforma tributária prevista para 2033.”

Segundo o presidente da Multilog, ao fim do benefício fiscal, a tendência é que a carga se aproxime do consumo. “No Brasil, se você olhar onde está o nosso grande PIB, é no estado de São Paulo. Por isso, ali estará a maior parte do investimento”, afirmou. Ele acrescentou que se trata de um reposicionamento das unidades de negócios, enfatizando que o crescimento será orgânico, sem aquisições. “Em São Paulo, nossos sites ainda são bastante modestos e limitados”, completou

O investimento vem na esteira de um período próspero para a empresa. Nos cinco primeiros meses de 2025, a companhia transportou mercadorias avaliadas em mais de R$ 18,5 bilhões, com destaque para operações de energia solar — que movimentaram 234 contêineres de painéis. No período, foram realizadas mais de 50,7 mil viagens, 42% delas com origem em Santa Catarina, percorrendo 3,3 milhões de quilômetros.

Em maio, a Multilog registrou 37.839 movimentações de veículos em seus cinco portos secos de fronteira, alta de 22% sobre o mesmo mês de 2024. O Porto Seco de Dionísio Cerqueira (SC) alcançou sua melhor marca mensal do ano, crescendo 36% em relação a maio do ano passado, enquanto Jaguarão (RS) avançou 25% e Uruguaiana (RS) teve incremento de 33%. Foz do Iguaçu (PR), maior porto seco da América Latina, registrou crescimento de 14% sobre maio de 2024.

Além de movimentação de cargas, a Multilog atua na integração dos serviços de transporte, armazenagem e operação alfandegada, atendendo setores como alimentos, bens de consumo, saúde, químico, automotivo & industrial, agronegócio e tecnologia. A companhia possui 35 unidades, 2,2 milhões de m² de áreas de armazenagem, dois escritórios corporativos e certificação de Operador Econômico Autorizado (OEA) para cinco centros logísticos industriais e aduaneiros e dois portos secos.

Fundada em Santa Catarina, a Multilog iniciou suas operações em 1996 com a primeira Estação Aduaneira do Interior (EADI). Desde 2016, a empresa expandiu suas operações para Paraná e Rio Grande do Sul, e, em 2017, começou a atuar em São Paulo.

Entre 2022 e 2023, consolidou aquisições no Nordeste e inaugurou novas unidades estratégicas, incluindo o Porto Seco de Dionísio Cerqueira (SC), o Armazém Geral Químico de Itajaí (SC) e o Polo de Saúde de Alphaville (SP).

Modernização e integração dos serviços

Djalma Vilela ressalta que os investimentos previstos até 2028 visam não apenas aumentar a capacidade da companhia, mas acelerar a modernização tecnológica e a integração de serviços. “Estamos preparados para crescer com segurança, eficiência e inovação. Nosso objetivo é oferecer soluções que unam transporte, armazenagem e gestão aduaneira, garantindo que cada cliente receba valor em todas as etapas da cadeia logística”, afirmou.

O plano de expansão da Multilog chega em um momento em que o mercado logístico brasileiro busca maior eficiência e integração para atender à demanda crescente por movimentações de cargas, especialmente em setores estratégicos como farmacêutico, tecnológico e de energia renovável.

Desafios logísticos em Santa Catarina

Vilela destacou que a logística em Santa Catarina depende fortemente da BR-101, principal via de escoamento entre portos e polos industriais. Segundo ele, a rodovia concentra boa parte das operações da empresa no estado, mas enfrenta desafios históricos de infraestrutura que impactam a eficiência e os prazos de transporte.

Como alternativa estratégica, está sendo desenvolvido o projeto da BR Via Mar, que conectará Joinville ao anel viário da Grande Florianópolis, com 145 quilômetros de extensão, viabilizada por meio de parceria público-privada. Segundo o governo de Santa Catarina, é um projeto de longo prazo e ajudará a escoar a produção nos portos.

*A jornalista viajou a convite da organização da feira Logistique.

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