Mesmo diante da tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos sobre a aviação executiva, a Embraer manteve sua estimativa de receita total entre US$ 7,0 bilhões e US$ 7,5 bilhões para 2025. Durante a apresentação de resultados nesta terça-feira (5), a companhia informou ter adotado medidas de redução de custos para preservar o desempenho, além de já considerar o impacto da tarifa em suas projeções financeiras.
“Até o momento, já temos 20% do impacto das tarifas sentidos no nosso fluxo de caixa e esperamos um impacto maior de 80% no segundo semestre”, disse Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer. “Mas temos atuado de forma bastante ativa junto às autoridades no Brasil e nos Estados Unidos, destacando a relevância da Embraer em termos de criação de empregos, investimentos, serviços a passageiros e auxiliando na obtenção de uma solução negociada, como observado em outros países.”
O presidente ressaltou que a Embraer desempenha um papel fundamental no mercado de aviação regional nos Estados Unidos. “Atualmente, as nossas aeronaves transportam aproximadamente 100 milhões de passageiros a cada ano. Os nossos negócios sustentam 13 mil empregos no país e devem gerar outros 5.500 até 2030.”
Gomes Neto revelou que a Embraer também planeja investir mais de US$ 500 milhões nos Estados Unidos nos próximos cinco anos, que devem gerar outros 2.500 empregos no país, dado uma combinação de crescimento orgânico e caso a força aérea americana selecione a plataforma KC 390 até o final da década. Na fábrica de Melbourne, na Flórida, está programado o investimento de US$ 90 milhões para aumentar a capacidade produtiva e na fábrica de Dallas, no Texas, a companhia investirá US$ 70 milhões para expandir as instalações de serviços e suporte.
“Os planos de negócios para os Estados Unidos são muito atrativos”, disse Gomes Neto. “Quase 40% das nossas aeronaves já têm peças dos Estados Unidos e, para os próximos cinco anos, esperamos comprar US$ 21 bilhões em equipamentos e peças dos Estados Unidos e vamos exportar US$ 13 bilhões, gerando um superávit de US$ 8 bilhões no período.”
O presidente da Embraer disse que continua acreditando e defendendo firmemente a política de tarifa zero para a indústria aeroespacial global, que foi padrão nos últimos 45 anos. “Temos uma condição muito robusta de proposta econômica aos Estados Unidos com o plano que temos no momento.”
Resultados financeiros
A Embraer registrou no segundo trimestre de 2025 receitas de R$ 10,3 bilhões. Valor que representa um recorde para o período e 30,9% superior ao mesmo período de 2024, quando as receitas totalizaram R$ 7,8 bilhões. A companhia destaca que os resultados do segundo trimestre não foram impactados pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos.
“Mas as tarifas impostas pelos Estados Unidos continuam sendo uma grande preocupação para os nossos negócios. Porém, um importante passo foi dado na semana passada, refletindo a importância da nossa empresa para o Brasil e os Estados Unidos e estamos confiantes em relação a novos avanços das negociações”, disse Antonio Garcia, diretor financeiro da Embraer.
A companhia fechou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 53,4 milhões, ante um lucro de R$ 415,7 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
Os investimentos totalizaram R$ 576,5 milhões no segundo trimestre, superior aos R$ 507,9 milhões investidos no segundo trimestre de 2024. As despesas de capital (Capex) totalizaram R$ 299,9 milhões (R$ 241,1 milhões no mesmo período do ano anterior), as adições líquidas ao Pool Program (peças de reposição) somaram R$ 46,6 milhões (R$ 57,8 milhões no mesmo período do ano anterior), adições líquidas ao intangível de R$ 189,8 milhões (R$ 145,4 milhões no mesmo período do ano anterior) e R$ 40,2 milhões em pesquisa (R$ 63,6 milhões no mesmo período do ano anterior).
Destaques do segundo trimestre
No segundo trimestre, a aviação executiva foi o destaque, com receita de R$ 3,1 bilhões, o maior índice de crescimento, de 74% em relação ao mesmo período do ano anterior, devido à disciplina de preços, maiores volumes e melhor mix de produtos.
Na área de defesa & segurança, as receitas atingiram R$ 1.260,1 milhão, um aumento de 28,4% em relação ao ano anterior, devido ao reconhecimento da receita do A-29 Super Tucano.
As receitas de serviços & suporte atingiram R$ 2,6 bilhões, 23% superior ao ano anterior, devido aos maiores volumes na aviação comercial e à ampliação da oficina de motores GTF da Ogma, em Portugal.
Na aviação comercial, as receitas foram de R$ 3,2 bilhões, aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entregas
A Embraer entregou 61 aeronaves no segundo trimestre, sendo 19 jatos comerciais (10 E2s e 9 E1s) e 38 jatos executivos (21 leves e 17 médios). A área de Defesa entregou quatro aeronaves A 29 Super Tucano, aumento de 30% sobre as 47 aeronaves entregues no ano anterior.
O número de entregas para a aviaçãoe executiva foi 41% maior em relação ao segundo trimestre de 2024, saltando de 27 para 38 jatos entregues no 2T24, enquanto a aviação comercial permaneceu estável, com 19 aeronaves entregues.
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