O Iveco Group anunciou uma ampla reestruturação estratégica que redesenha seu futuro no setor automotivo global. Pouco após assinar acordo definitivo para vender sua divisão de defesa à italiana Leonardo, em operação avaliada em 1,7 bilhão de euros, a companhia fechou acordo para ser adquirida pela indiana Tata Motors, em transação estimada em 3,8 bilhões de euros.
O conselho da Iveco recomendou a aceitação da proposta da Tata, que prevê o pagamento de 14,10 euros por ação em dinheiro. A oferta será realizada por meio da subsidiária TML CV Holdings PTE LTD, totalmente controlada pela montadora indiana, e está condicionada à conclusão da cisão da unidade de defesa, que engloba as marcas IDV e ASTRA.
A venda da divisão de defesa, anunciada na segunda-feira (28), dará origem a um novo polo europeu baseado na Itália, com capacidade de competir em escala global no segmento de defesa terrestre. A Leonardo, gigante do setor, planeja integrar as plataformas da Iveco Defense Vehicles e da Astra aos seus sistemas avançados, ampliando sua presença em mercados estratégicos. O fechamento da operação está previsto até 31 de março de 2026, sujeito a aprovações regulatórias.
Com a alienação desse braço, a Iveco reforça seu foco em veículos comerciais e soluções de mobilidade sustentável. A combinação com a Tata Motors criará um grupo com amplo portfólio de produtos, presença internacional robusta e capacidade industrial ampliada, segundo comunicado conjunto.
Este acordo projeta o negócio de defesa da Iveco para sua devida dimensão como um player global de primeira linha”, afirmou Olof Persson, CEO da Iveco Group, destacando que a integração com a Leonardo trará maior competitividade e capacidade de inovação.
A Iveco informou ainda que pretende distribuir aos acionistas o valor líquido obtido com a venda da divisão de defesa por meio de dividendo extraordinário. Goldman Sachs Bank Europe SE atuou como assessor financeiro e o escritório Freshfields como consultor jurídico.
Caso confirmada, a aquisição pela Tata Motors marcará uma das maiores movimentações recentes no setor automotivo mundial, em um momento de consolidação e busca por escala frente aos desafios de eletrificação, digitalização e novas demandas de mobilidade.
Queda da receita
No segundo trimestre de 2025, o Iveco Group registrou receita consolidada de 3,781 bilhões de euros, ligeiramente inferior aos 3,919 bilhões de euros do mesmo período do ano anterior. A receita líquida das atividades industriais foi de 3,702 bilhões de euros, impactada por menores volumes em caminhões e powertrain, apesar de melhor desempenho em ônibus e defesa, e efeito adverso da taxa de câmbio.
O lucro operacional ajustado (EBIT) foi de 215 milhões de euros, com margem de 5,7%, queda em relação aos 295 milhões de euros (7,5%) do segundo trimestre de 2024. No segmento industrial, o EBIT ajustado ficou em 187 milhões de euros, com margem de 5,1%, beneficiado por contenção de custos em despesas administrativas e de pesquisa, mas pressionado por menor volume e condições de preços.
O lucro líquido ajustado caiu para 106 milhões de euros, contra 182 milhões de euros no mesmo período do ano anterior, com lucro por ação diluído de 0,39 euro ante 0,63 euro. As despesas financeiras líquidas aumentaram para 71 milhões de euros, influenciadas pela ausência do impacto positivo da hiperinflação argentina, vigente até o final de 2024, e maiores custos de hedge.
Por outro lado, o fluxo de caixa livre das atividades industriais foi positivo em 145 milhões de euros, apresentando melhora significativa de 243 milhões de euros frente ao segundo trimestre de 2024, reflexo da otimização de estoque e produção.
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