O grupo alemão Traton, controlado pela Volkswagen e dono das marcas Scania, MAN, International e Volkswagen Truck & Bus, registrou um primeiro semestre de 2025 marcado por sinais contraditórios. Embora as encomendas de novos veículos tenham crescido 11%, para 139,6 mil unidades, a companhia enfrentou queda tanto no faturamento quanto no lucro e decidiu rever para baixo as projeções para o ano.
A receita caiu 6%, somando 21,9 bilhões de euros, puxada pela retração de 4% nas vendas, que totalizaram 153,1 mil unidades. O lucro operacional ajustado recuou 750 milhões de euros, ficando em 1,4 bilhão de euros, enquanto a margem ajustada diminuiu para 6,3%, ante 9,1% no mesmo período de 2024. Segundo a companhia, os principais fatores foram a menor utilização da capacidade produtiva em caminhões pesados e os efeitos cambiais, sobretudo a valorização da coroa sueca, além de maiores investimentos, como a nova fábrica na China.
Segundo comunicado da companhia, o avanço nas encomendas veio principalmente da Europa, impulsionado pela renovação de frotas. Já a América do Norte manteve demanda fraca em meio à incerteza sobre a política tarifária dos Estados Unidos. No Brasil, houve retração, reflexo do ambiente econômico mais desafiador. O segmento de ônibus também apresentou forte queda, sobretudo na América do Norte, enquanto a van MAN TGE registrou alta expressiva após a mudança de modelo.
O índice book-to-bill (relação entre pedidos recebidos e entregas) ficou em 0,9, acima dos 0,8 registrados em 2024, mas ainda abaixo de 1 — o que significa que a empresa vendeu mais do que recebeu em novos pedidos.
Cenário adverso e avanço em sustentabilidade
Entre as marcas do grupo, a Scania registrou margem operacional ajustada de 9,7%, contra 14,5% no ano anterior, impactada pela queda nas entregas, efeitos cambiais e investimentos na China. A MAN Truck & Bus atingiu margem de 6,4%, ante 8,2% em 2024, com parte da queda compensada por cortes de custos fixos. Já a International Motors teve margem de 2,8%, frente a 3,9% no ano anterior, afetada pelo mercado fraco na América do Norte e pela menor absorção de custos fixos. A Volkswagen Truck & Bus, por sua vez, elevou a margem para 13%, de 11,8% no mesmo período do ano passado, apesar da queda no faturamento, apoiada por ajustes de custos.
Christian Levin, CEO da TRATON, destacou que, mesmo em um cenário adverso, o grupo avança na transformação para o transporte sustentável. Em julho, entrou em operação uma nova estrutura conjunta de pesquisa e desenvolvimento, reunindo 12 mil profissionais. Segundo Levin, as vendas de veículos elétricos mais que dobraram no semestre em relação a 2024.
O CFO e diretor de RH, Michael Jackstein, ressaltou que, diante da demanda mais fraca, a International reduziu turnos na planta mexicana de Classe 8 e a Scania cortou capacidade global. Com o cenário mais adverso, a TRATON revisou para baixo suas metas.
Agora, a expectativa é de queda de até 10% nas vendas e receitas em 2025, contra previsão anterior de recuo máximo de 5%. A margem operacional ajustada deve ficar entre 6% e 7%, abaixo do intervalo anterior de 7,5% a 8,5%. O fluxo de caixa operacional também foi revisto para 1 bilhão de euros a 1,5 bilhão de euros, frente aos 2,2 bilhões de euros a 2,7 bilhões de euros previstos anteriormente.
A companhia alerta que o desempenho seguirá condicionado aos desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos, considerada fator crucial para o setor neste ano.
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