A satisfação dos caminhoneiros com a profissão apresentou uma leve melhora em 2025, mas segue em patamar baixo e sob forte influência da percepção negativa sobre a segurança nas rodovias. É o que aponta a quarta edição do Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas, levantamento anual conduzido pela transportadora digital Freto, que entrevistou 730 profissionais de diferentes regiões do país na primeira quinzena de julho.
A nota média atribuída à atividade em 2025 foi de 4,28 em uma escala de 0 a 10 — ligeiramente acima dos 4,03 registrados no ano anterior. Apesar da recuperação, o número ainda indica um cenário de insatisfação generalizada. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (25), Dia do Motorista, categoria que soma mais de dois milhões de profissionais no Brasil e é responsável por cerca de 65% da movimentação de cargas no país.
Desde o início da série histórica, em 2022, o índice tem registrado oscilações significativas. A nota inicial, de 3,55, saltou para 5,58 em 2023, em meio a uma onda de otimismo com melhorias pontuais em remuneração e estrutura. No entanto, a frustração com a estagnação desses avanços derrubou a pontuação no ano seguinte. A nova alta de 2025 representa um crescimento acumulado de 21% frente ao primeiro ano da pesquisa, mas ainda muito distante de um patamar considerado satisfatório.
Segurança é o principal gargalo
A avaliação da segurança nas estradas foi a pior entre os sete temas analisados pela pesquisa, com nota média de 2,52, queda de 15% em relação a 2022. O resultado evidencia a crescente preocupação com roubos de carga, falta de policiamento e violência nas rodovias.
“Vemos avanços em estrutura e remuneração, enquanto a segurança continua sendo uma das maiores preocupações. É preciso olhar para isso com seriedade, pois os índices seguem muito baixos”, afirma Thomas Gautier, CEO do Freto. “Embora o setor público tenha um papel relevante, há inovações que as próprias empresas podem adotar para mitigar riscos e gerar impactos positivos na cadeia logística.”
Preço do frete melhora, mas custo pesa
Por outro lado, o preço do frete foi o item com maior evolução, saindo de 4,06 em 2022 para 5,60 em 2025 — alta de 37,9%. A condição das estradas também melhorou, com nota de 4,16 (alta de 20%). Já o custo dos combustíveis segue como uma das principais fontes de insatisfação, mesmo após melhora expressiva: a nota subiu de 1,84 para 3,56 no período, mas ainda reflete forte impacto sobre a rentabilidade da operação.
Carga horária tem nota positiva
Entre os temas avaliados, apenas a carga horária de trabalho recebeu nota acima de 6, com 6,61 em 2025, mantendo-se estável em relação ao ano anterior (6,70). Já os pontos de parada e descanso — cuja infraestrutura deficiente é alvo recorrente de críticas — obtiveram 3,66, e o volume de trânsito ficou em 3,86, também com leve avanço frente a 2024.
O Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas é composto por sete temas centrais para a atividade: segurança, preço do frete, preço dos combustíveis, condição das estradas, pontos de parada, carga horária e volume de trânsito. Cada item é avaliado com nota de 0 a 10 pelos motoristas. A média das respostas forma o índice geral do ano.
Para Gautier, os dados reforçam a urgência de políticas públicas e estratégias do setor privado voltadas à valorização da categoria. “Os caminhoneiros continuam sendo o elo fundamental da logística nacional. Investir na qualidade de vida e na segurança desses profissionais é investir na eficiência e sustentabilidade do transporte rodoviário como um todo.”
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