Venda de novas cotas de consórcio de caminhões recua 15% no primeiro semestre

Mesmo com a retração, o volume de negócios realizados de janeiro a junho alcançou R$ 22,66 bilhões, alta de 8,2% frente ao mesmo período do ano passado

Aline Feltrin

O setor de consórcios de veículos pesados — que inclui principalmente caminhões e implementos rodoviários — registrou retração de 15% nas vendas de novas cotas no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, foram comercializadas 99,6 mil cotas, ante 117,2 mil nos seis primeiros meses de 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).

A queda nas adesões interrompe uma sequência de crescimentos registrada no início do ano. Mesmo com oscilações mensais — incluindo uma retração em junho — o setor vinha dando sinais de recuperação. Em maio, por exemplo, as adesões chegaram a 20,9 mil, o maior volume mensal do semestre. O recuo mais recente, no entanto, puxou o desempenho acumulado para baixo.

Apesar da retração nas vendas, o volume de negócios realizados no semestre alcançou R$ 22,66 bilhões, alta de 8,2% frente ao ano passado. Esse crescimento foi impulsionado pela elevação do tíquete médio, que subiu 22,3% e atingiu R$ 225 mil em junho — reflexo do aumento no valor dos caminhões e da maior demanda por créditos mais robustos.

“Mesmo com menos adesões, observamos um público mais qualificado entrando no sistema, com foco em valores mais altos”, explica Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. “Isso demonstra que o consórcio continua sendo uma ferramenta estratégica para o transportador que se planeja.”

Projeções mantidas

O número de participantes ativos também avançou, chegando a 898,5 mil em junho — alta de 10,1% sobre os 816 mil de um ano antes. Já o total de contemplações somou 47,7 mil no semestre, crescimento de 15,5%, com R$ 10,68 bilhões em créditos efetivamente liberados para compra de veículos pesados.

O setor mantém projeção de crescimento de 10% em 2025, embora o desempenho abaixo do esperado nas adesões exija atenção. A ABAC aposta na retomada gradual ao longo do segundo semestre, apoiada em uma possível redução da taxa Selic e na demanda contínua por renovação de frota, especialmente no transporte rodoviário e no agronegócio.

A modalidade consorcial tem se mantido atrativa em um cenário de crédito ainda restrito, por oferecer alternativas sem juros, com prazos longos e flexibilidade para aquisição de bens de alto valor. Mesmo diante da desaceleração nas novas adesões, os consórcios seguem ampliando sua presença no mercado de caminhões: no primeiro semestre, representaram 37,3% das potenciais aquisições de caminhões no país, segundo a ABAC com base em dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também