MAT aposta no biometano e projeta crescimento de até 30% com carretas de cilindros

Empresa brasileira amplia produção para atender à crescente demanda por transporte de gases em um país com infraestrutura limitada de gasodutos

Fred Carvalho

De Jundiaí (SP)

A expansão do uso de biometano como alternativa energética no Brasil, impulsionada pelas metas de descarbonização, está abrindo novas frentes de negócios para a indústria nacional. Um dos principais exemplos é a MAT Equipamentos para Gases Ltda., empresa com mais de 80 anos de atuação no mercado de cilindros de alta pressão, que aposta na demanda crescente por soluções de transporte de gás comprimido.

Com sede em Jundiaí (SP), a MAT foi fundada em 1940 para a fabricação de extintores de incêndio. A expertise acumulada ao longo das décadas permitiu à companhia diversificar sua atuação para cilindros utilizados em aplicações industriais, medicinais e veiculares — como gás natural, oxigênio, argônio, nitrogênio e biometano.

A empresa ingressou no mercado de carretas de cilindros em 2017, com foco em gás natural e biometano, e já acumula mais de 150 unidades vendidas no Brasil, América Latina e Oriente Médio. Para 2025, a expectativa é produzir 30 novas carretas, apoiada na expansão da produção de biometano e em condições favoráveis de financiamento, como as linhas do BNDES. “Acreditamos em um crescimento entre 25% e 30% neste ano”, projeta Luís Fernando Assaf, presidente da MAT.

Limitação da malha de gasodutos

Com capacidade para transportar até 172 cilindros, as carretas da empresa movimentam cerca de 7.912 m³ de gás por viagem. A solução vem ganhando relevância em razão da limitação da malha de gasodutos no país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o Brasil possui 58.425 quilômetros de dutos — o equivalente a apenas 7% do território nacional —, enquanto os Estados Unidos contam com cerca de 500 mil quilômetros.

“A malha brasileira é muito pequena para a nossa produção atual e não leva em conta o potencial de crescimento nos próximos anos. Hoje, a produção nacional de biometano gira em torno de 400 mil a 500 mil m³ por dia. Estamos apenas no início desta jornada, e por isso o transporte rodoviário por carretas é essencial”, explica Assaf.

Um dos principais mercados atendidos pela empresa é o de aterros sanitários, onde o biometano é captado e transportado por meio das carretas. Um único cliente da empresa é responsável por mais de três milhões de m³ de gás movimentado por mês, com até 450 viagens no período.

A internacionalização também tem sido um pilar importante da companhia. A subsidiária nos Estados Unidos comercializa mais de 50 mil cilindros por ano, com certificações internacionais que permitem competir nos mercados mais exigentes da Ásia, Oriente Médio e América Latina. No entanto, a recente adoção de tarifas adicionais sobre produtos brasileiros nos EUA acendeu um sinal de alerta. “A nova tarifa pode atrapalhar os negócios de nossa operação americana”, admite Assaf.

Com foco em inovação e certificações rigorosas, a empresa reforça sua estratégia de crescimento acompanhando as transformações do setor energético e logístico. “Nos posicionamos para apoiar esse novo mercado de biometano, que está em plena expansão”, afirma o executivo.

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