A intensificação da crise política e diplomática entre Brasil e Estados Unidos acende um alerta no setor de transporte de cargas, especialmente no Estado do Rio de Janeiro. Com o risco crescente de ruptura em acordos comerciais e a previsão de sobretaxas tarifárias sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, empresas do setor logístico denunciam impactos imediatos sobre contratos, rotas e operações de exportação, revela o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Estado do Rio de Janeiro (Sindicarga).
Em nota pública, o sindicato manifestou “profunda apreensão” com o cenário atual, que, segundo a entidade, já afeta de forma concreta o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) e ameaça a sustentabilidade de centenas de empresas no estado. “O que está em jogo são empregos, investimentos, arrecadação pública e, sobretudo, o direito das famílias brasileiras a um futuro digno”, afirma o presidente da entidade, Filipe Coelho. “O transporte rodoviário é o principal elo da cadeia logística brasileira e tem papel ainda mais estratégico no Rio de Janeiro, que abriga portos fundamentais para o comércio exterior e atua como corredor logístico para o escoamento de cargas originadas em estados vizinhos como Minas Gerais.”
De acordo com o Sindicarga, o setor emprega diretamente mais de 120 mil trabalhadores no estado, além de manter dezenas de milhares de empregos indiretos.
Os terminais portuários fluminenses movimentam mais de 30 milhões de toneladas por ano. Esse volume, ressalta a entidade, depende da previsibilidade institucional e da fluidez nas relações comerciais internacionais para ser mantido.
A imposição de barreiras comerciais e a insegurança provocada pela instabilidade entre os governos brasileiro e americano já resultam, segundo o sindicato, em cancelamento de embarques, redirecionamento de rotas e retração da demanda.
“O setor já opera sob intensa pressão tributária e altíssimos custos. A introdução de novos elementos de incerteza é insustentável”, reforça o presidente do sindicato.
Para o Sindicarga, o momento exige “liderança madura” do governo federal e dos demais poderes da República, com foco na reconstrução do diálogo diplomático. “A superação de vaidades partidárias e o resgate do diálogo não são concessões políticas — são obrigações de Estado.”
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Setor nacional também reage
No plano nacional, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) também divulgou posicionamento contrário à medida norte-americana que prevê a aplicação de sobretaxa sobre produtos brasileiros importados. A entidade classifica a decisão como um golpe à cadeia produtiva da exportação e alerta para perdas significativas no setor de transporte rodoviário, atividade essencial para a logística nacional.
“A imposição provocará, por natural consequência, danos relevantes ao setor, além de agravar a competitividade da indústria nacional”, afirma a entidade, que também defende a retomada do diálogo entre os governos para garantir segurança jurídica e a preservação dos interesses empresariais de ambos os países.
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