Financiamento de caminhões cai 6,4% no primeiro semestre, aponta B3

Retração no crédito é puxada por veículos novos; usados mostram resiliência e crescem 0,6%

Aline Feltrin

O volume de caminhões financiados no Brasil caiu 6,4% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo levantamento da B3 obtido por Transporte Moderno, foram registradas 121.144 operações de crédito entre janeiro e junho contra 129.376 no mesmo intervalo de 2024.

O recuo reflete o ambiente macroeconômico ainda desafiador para o transporte rodoviário de cargas, impactado pela taxa de juros elevada, que reduz o apetite ao risco tanto de bancos quanto de transportadores.

A retração foi puxada principalmente pela menor procura por caminhões novos. No semestre, foram 54.767 unidades financiadas, queda de 13,6% na comparação com as 63.413 registradas um ano antes. Em junho, houve um leve alívio, com 9.670 financiamentos — alta de 19% em relação a maio (8.127), mas ainda 14,5% abaixo do volume de junho de 2024 (11.310).

O Crédito Direto ao Consumidor (CDC), principal modalidade utilizada na aquisição de veículos novos, também sofreu retração. Foram 43.346 operações no semestre, contra 53.218 no ano anterior, uma queda de 18,5%. Já os consórcios avançaram 28%, com 7.978 adesões ante 6.229 no mesmo período de 2024.

Usados mostram resiliência

Enquanto o mercado de caminhões novos enfrenta retração, os usados demonstraram estabilidade, com leve crescimento. No acumulado de janeiro a junho, foram financiadas 66.377 unidades, alta de 0,6% sobre as 65.963 do ano anterior.

Em junho, no entanto, foram 11.716 operações, queda de 4,1% em relação a maio (12.215) e praticamente estabilidade frente a junho de 2024 (11.731).

O CDC continua liderando também entre os usados, com 54.554 operações no semestre, variação positiva de 0,4%. Os consórcios registraram alta mais expressiva, com 9.850 financiamentos, aumento de 12,2% na comparação com os 8.579 realizados no primeiro semestre do ano passado.

Projeções em baixa para o ano

Diante do cenário de crédito restrito e juros elevados, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revisou para baixo suas projeções para o mercado de caminhões em 2025. A nova estimativa aponta para 113.562 emplacamentos até o fim do ano, uma queda de 7% frente aos 122.099 registrados em 2024. Antes, a previsão era de crescimento de 4,5%.

“Sabemos que o mercado de caminhões é muito vinculado ao PIB e ao crédito acessível, mas a taxa de juros chegou muito forte e está afetando o setor”, afirmou Arcelio dos Santos Júnior, presidente da Fenabrave.

Em junho, foram vendidos 8.374 caminhões no país, o que representa uma queda de 5,77% em relação a maio (8.887 unidades) e de 13,32% na comparação com junho do ano passado (9.661 unidades). No acumulado do semestre, os emplacamentos somaram 53.420 unidades, recuo de 3,62% ante as 55.425 de igual período de 2024.

Pesados em queda, semipesados e médios em alta

A retração nas vendas tem sido puxada, sobretudo, pela menor renovação de frotas, especialmente entre os caminhões pesados. Com maior peso nas vendas totais do setor, esse segmento registrou queda de 14,31% no semestre, com 24.587 unidades, frente às 28.690 vendidas em igual período do ano passado.

Em contrapartida, os semipesados apresentaram alta de 12,29%, passando de 15.201 para 17.069 unidades, enquanto os médios cresceram 20,41%, com 7.494 unidades emplacadas ante 6.224 em 2024.

Entre os modelos mais leves, o desempenho foi negativo: os caminhões leves recuaram 4,41%, de 2.725 para 2.604 unidades, e os semileves caíram 15,47%, de 1.932 para 1.633 veículos vendidos.

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também