Exportações sustentam o crescimento da produção de caminhões no primeiro semestre

A Argentina foi o maior destaque nas compras de caminhões do Brasil, mas no mercado interno o setor repete em junho o terceiro mês consecutivo de queda

Sonia Moraes

O mercado de caminhões começa a contabilizar os efeitos negativos das altas taxas de juros e registra, em junho, queda de 8,4% na produção, que chegou a 11.293 veículos, ante as 12.327 unidades produzidas em maio deste ano. Na comparação com junho de 2024 (12.236 unidades) a quantidade de veículos produzidos reduziu 7,7%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a junho, o setor ainda fechou com desempenho positivo, tendo aumento de 3,1% na produção, que somou 66.371 veículos, ante os 64.391 caminhões fabricados nos seis meses de 2024. “Esse crescimento em relação a 2024 foi puxando também pelas exportações, principalmente para a Argentina”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.

A queda acentuada na produção em junho em relação a maio deste ano ocorreu devido à adequação das fábricas à menor demanda, principalmente de caminhões pesados, segundo Bonini. “Esses veículos são mais influenciados pela alta taxa de juros, que está impactando esse segmento, fazendo com que as fábricas tenham que adequar a sua produção”, explicou o vice-presidente da Anfavea.

Do total de caminhões produzidos no primeiro semestre deste ano, 33.758 unidades são de modelos pesados, que tiveram queda de 13,0% em relação aos 38.785 veículos fabricados nos seis meses de 2024.

Os semipesados tiveram aumento de 30,6% na produção, de 15.312 para 19.991 unidades. Os médios tiveram um salto de 158,1%, de 1.330 para 3.440 unidades. Os leves cresceram 2,5%, de 8.519 para 8.733 unidades, e os semileves de 1,6%, de 442 para 449 unidades.

Bonini destacou que, em 2024, os pesados representaram 52% na produção e, agora, em 2025 representam 45%. “Os outros segmentos andaram de lado, alguns cresceram em relação a 2024 e os médios chamam a atenção pelo crescimento percentual, mas a quantidade é muito pequena.”

Emplacamentos

Nos emplacamentos, o mercado de caminhões repete em junho o terceiro mês consecutivo de queda, com 8.511 veículos comercializados no país. Esse volume é 7,0% inferior a maio deste ano (9.149 unidades) e 14,7% abaixo de junho do ano passado (9.982 unidades).

No acumulado de janeiro a junho deste ano, a queda nas vendas de caminhões foi de 3,5%, chegando a 54.754 unidades, ante 56.767 veículos vendidos nos seis meses de 2024. “Já vínhamos alertando sobre o efeito da alta taxa de juros ao mercado de caminhões, principalmente para o segmento de pesados, que vem tendo maior postergação de compras porque o financiamento está inviável”, disse Bonini.

Do total de caminhões vendidos nos seis meses deste ano, 24.708 unidades são de modelos pesados, 16,0% abaixo dos 29.418 vendidos de janeiro a junho de 2024.

De semipesados, foram 16.984 unidades, 12,0% a mais do que no primeiro semestre de 2024 (15.164 unidades).

Os caminhões médios tiveram aumento de 23,5% nas vendas, de 4.294 para 5.305 unidades, e os leves de 4.596 para 4.738 unidades. Os semileves apresentaram redução de 8,4%, de 3.295 para 3.019 unidades.

No ranking do setor, a liderança ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, com a venda de 14.169 caminhões no primeiro semestre deste ano, 1,0% a mais que no mesmo período de 2024 (14.026 unidades). O segundo lugar é ocupado pela Mercedes-Benz, com 12.909 veículos comercializados no país, 13,2% acima dos seis meses de 2024 (11.402 unidades) e o terceiro pela Volvo, com 9.728 veículos emplacados, 4,6% abaixo de janeiro a junho de 2024 (10.201 unidades).

A Scania, quarta colocada, vendeu 6.734 caminhões até junho, 28,9% inferior aos 9.472 veículos emplacados nos seis meses de 2024. A Iveco, que está em quinto lugar, comercializou 4.046 caminhões de janeiro a junho, aumento de 8,9% sobre o primeiro semestre do ano passado (3.716 unidades).

A DAF, que ocupa o sexto lugar, vendeu 3.926 veículos, queda de 14,7% sobre os seis de 2024, cujo volume totalizou 4.600 unidades.

Exportações

As exportações de 2.525 caminhões em junho ficaram 10,8% abaixo de maio deste ano (2.831 unidades), mas tiveram um crescimento de 103,3% em relação a junho do ano passado (1.242 unidades), fechando o primeiro semestre com aumento de 91,0%, com 13.444 unidades, ante os 7.040 veículos exportados nos seis meses de 2024.

O maior volume exportado até junho deste ano foi de caminhões pesados, com 8.250 unidades, aumento de 98,5% sobre os 4.156 veículos embarcados de janeiro a junho de 2024. De modelos semipesados, foram 2.986 unidades, 53,6% superior aos 1.944 veículos exportados no primeiro semestre do ano passado.

As exportações de caminhões médios aumentaram 218,8%, de 133 para 444 unidades, e a de leves cresceu 163,8%, de 625 para 1.649 unidades. A de semileves teve uma redução de 25,8% nos embarques até junho deste ano, de 182, para 132 unidades.

Em CKD (veículos desmontados), foram exportados 3.679 caminhões de janeiro a junho deste ano, redução de 6,01% sobre 3.915 veículos embarcados no mesmo período do ano passado.

Fábricas reduzem o ritmo

Igor Calvet, presidente da Anfavea, comemorou a grande representatividade da Argentina na produção de todo o setor automotivo, com o aumento de 60% nas exportações, mas destacou que “é preciso aumentar os embarques para outros países.”

Calvet destacou também que o ritmo das fábricas tem caído nos últimos meses e, após um ano de alta, houve redução de 600 postos de trabalho nos últimos meses. “A Selic atingiu o maior nível nos últimos 15 anos, causando um impacto na cadeia automotiva e no setor automotivo.”

O presidente da Anfavea informou que o setor industrial perdeu 13% da produção desde 2011 e o setor automotivo produziu 35% a menos em 2025. “No vale da pandemia, período de 2019 a 2020, a indústria automobilística ainda não recuperou o mesmo nível de produção da pré-pandemia”, disse Calvet.

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