Volkswagen mira em Constellation 20.480 4×2 para aumentar sua relevância em extrapesados

Modelo lançado no ano passado acumula aproximadamente 300 unidades vendidas em sete meses e é uma das apostas da marca para crescer sua participação no segmento de caminhões mais disputado do Brasil

Aline Feltrin

A Volkswagen Caminhões e Ônibus está intensificando seus esforços para ganhar espaço no segmento de extrapesados, um dos mais competitivos e estratégicos do transporte rodoviário. A chegada do Constellation 20.480 4×2, lançado em novembro no ano passado, reforça essa estratégia ao complementar o portfólio da marca, que já conta com os modelos Meteor nas versões 6×2 e 6×4. Com isso, a montadora busca ampliar sua participação em um mercado dominado historicamente por marcas tradicionais, como Volvo e Scania.

Com esse caminhão, a marca quer oferecer uma solução mais acessível, versátil e equipada para atender desde operações com bitrem de seis eixos até médias distâncias. Desde o lançamento do veículo, foram vendidas 292 unidades.

O movimento da montadora responde diretamente a uma mudança na legislação. Desde que entrou em vigor a resolução nº 882/2021 do Contran, os cavalos mecânicos 4×2 passaram a poder tracionar bitrens de seis eixos com Peso Bruto Total Combinado (PBTC) de até 56 toneladas. Até então, essa configuração era restrita aos modelos 6×2, mais caros e com custos operacionais mais elevados. Segundo a tabela Fipe, o modelo zero quilômetro extrapesado 4×2 da VWCO, tem um preço médio de R$ 835 mil.

Para a VWCO, o segmento de extrapesados é estratégico e ganha cada vez mais foco dentro dos planos da companhia. “O segmento de extrapesados é muito importante para nós. Ele representa um volume muito grande dentro do mercado de caminhões. Em algumas regiões, chega a responder por 40% a 45% do total de vendas”, explica Bruno Schonhorst, gerente de vendas da VWCO.

Segundo ele, a empresa vem em um processo de amadurecimento desde o lançamento da linha Meteor, no final de 2020 e início de 2021, que trouxe motores de 13 litros, exatamente o que o mercado demandava.

“Hoje temos um portfólio completo, com as versões 4×2, 6×2 e 6×4, capaz de atender todas as demandas desse segmento. A aceitação dos clientes é muito boa. Estamos saindo de um modelo de vendas mais pulverizado, no varejo, e indo para o atacado, com grandes frotas adquirindo nossos produtos Meteor”, afirma.

O executivo reconhece que o mercado de extrapesados é conservador, mas reforça que o crescimento da VWCO tem sido consistente. “Estamos, aos pouquinhos, crescendo. Sabemos que não é um mercado fácil, mas todo o trabalho que estamos fazendo, tanto de produto quanto de serviços, está nos ajudando a conquistar cada vez mais clientes. Nosso objetivo é chegar na liderança também nesse segmento.”

Mais do que produto, o foco é disponibilidade

Bruno destaca que, no segmento de extrapesados, não basta ter apenas um bom produto. É preciso oferecer um ecossistema de serviços e suporte. “Só o produto não é suficiente. Só a marca não leva à liderança. O principal para esse cliente é disponibilidade. O preço faz diferença, claro, mas não é o primeiro fator na tomada de decisão”, afirma.

Ele explica que, dentro do TCO, o que pesa mais é garantir que o caminhão esteja rodando. “Um caminhão desse parado deixa de produzir entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por dia. Então, além de oferecer um produto robusto, é fundamental garantir que o cliente tenha peças disponíveis, atendimento rápido e suporte eficiente.”

O executivo afirma que a VWCO trabalha com uma meta clara: zero paradas não programadas. “Tirando as manutenções programadas, nosso target é que o caminhão não pare. Buscamos 100% de disponibilidade. E quem nos dá esse parâmetro são os próprios clientes, que pedem índices de 96%, 97%, e estamos conseguindo atender”, garante.

Allan Hungria, engenheiro de marketing de produto da VWCO, explica que a disponibilidade não depende só do veículo. “Se o caminhão para e a peça não está disponível, isso impacta diretamente na operação. Às vezes, uma peça de R$ 15 deixa um caminhão parado, gerando perda de milhares de reais para o cliente. Por isso, nosso trabalho é garantir que isso não aconteça.”

Versatilidade operacional amplia mercado

Embora o caminhão tenha sido desenvolvido com foco em aplicações de maior capacidade, como bitrens de seis eixos, o maior volume de vendas hoje ainda está concentrado em operações mais tradicionais. De acordo com Allan Hungria, há forte demanda para implementos como semirreboque de três eixos, com PBTC de 41,5 toneladas, Vanderleia (três eixos espaçados), com PBTC de 46 toneladas, Semirreboque tipo Argentina, configuração 1+1+1, com PBTC de 43 toneladas.

Na prática, o 20.480 atende a uma ampla gama de aplicações, o que amplia as possibilidades comerciais da VWCO no segmento.

Pacote tecnológico e conectividade de série

Assim como os demais extrapesados da marca, o Constellation 20.480 4×2 sai de fábrica com o pacote Highline. Isso inclui painel de instrumentos digital de 10 polegadas, central multimídia de 7 polegadas com conexão para Android Auto e Apple CarPlay, além de volante multifuncional. A suspensão é pneumática tanto na cabine (em quatro pontos) quanto na traseira, garantindo um nível elevado de conforto mesmo em pisos irregulares.

(Divulgação: VWCO)

Outro destaque é o sistema de monitoramento de peso por eixo, que permite ao motorista acompanhar em tempo real a distribuição da carga no painel. Isso não só melhora a segurança, como também reduz o risco de autuações por excesso de peso em algum dos eixos.

Potência e eficiência no trem de força

O Constellation 20.480 4×2 é equipado com motor MAN D26, de seis cilindros e 13 litros. São 480 cv de potência a 1.800 rpm e torque de 245 mkgf (2.450 Nm) entre 950 e 1.450 rpm, garantindo desempenho robusto, inclusive em trechos de serra e rotas mais exigentes.

O motor combina os sistemas EGR (recirculação de gases de escape) e SCR (redução catalítica seletiva) para atender as normas de emissão e oferecer maior eficiência operacional. Também está equipado com freio motor auxiliar de cabeçote, com 428 cv de potência em três estágios, o que aumenta a segurança em descidas e reduz o desgaste dos freios de serviço.

Transmissão automatizada inteligente

Outro diferencial é a transmissão automatizada ZF TraXon de 12 marchas, equipada com sistema preditivo. O recurso lê a topografia da estrada com até 2,5 km de antecedência por meio do GPS, ajustando automaticamente as trocas de marcha conforme peso da carga, inclinação da via e velocidade. Segundo a VWCO, essa tecnologia permite reduzir em até 5% o consumo de diesel, além de oferecer uma condução mais suave e eficiente.

Atualmente, a VWCO disputa a quarta ou quinta posição no mercado de extrapesados. Mas os planos são ambiciosos. “Não temos uma meta cravada, mas somos muito otimistas. “A aceitação do nosso produto, combinada com os bons resultados em consumo e disponibilidade, nos dá segurança de que muito em breve estaremos brigando lá nas cabeças”, projeta Bruno.

Experiência a bordo do VWCO Constellation 20.480 4×2

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