A confiança dos empresários do transporte rodoviário de cargas está em queda no Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo, que atingiu no segundo trimestre de 2025 o menor nível desde o início da série histórica, em 2023. O índice geral paulista caiu para 45,9%, enquanto no Rio de Janeiro, que teve a primeira edição da sondagem neste ano, o resultado foi de 48,6% — ambos abaixo da linha de 50%, que separa confiança de desconfiança. Os dados fazem parte do Índice CNT de Confiança do Transportador, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), com base em entrevistas com 255 empresários em São Paulo e 158 no Rio de Janeiro. As coletas foram realizadas entre os dias 20 de maio e 6 de junho de 2025.
Pessimismo maior em São Paulo
No caso paulista, a avaliação das condições atuais da economia e dos negócios caiu de forma acentuada para 37,2%, uma retração de 9,1 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2024. Já o índice de expectativas para os próximos seis meses ficou em 50,2%, ligeiramente acima da linha de confiança, mas em queda frente aos 53,5% da edição anterior.
A CNT aponta fatores como a elevada taxa de juros, incerteza sobre os rumos da economia, retração do consumo e a ausência de reformas estruturantes como os principais entraves ao avanço da confiança em SP. Empresários também citaram instabilidade regulatória, excesso de burocracia e margens de lucro apertadas como motivos de preocupação.
Além dos desafios internos, há receios quanto ao impacto de fatores externos, como a política tarifária dos Estados Unidos e a desaceleração econômica da China.
Rio de Janeiro também tem cenário delicado
No Rio, o índice de condições atuais ficou em 41,8%, também abaixo da linha de confiança. Os empresários relataram dificuldades semelhantes às de SP: juros altos, inflação, aumento de impostos, insegurança jurídica, falta de mão de obra qualificada e problemas de segurança pública nas rodovias.
Apesar disso, o índice de expectativas no estado alcançou 51,9%, demonstrando uma leve tendência de otimismo quanto ao futuro próximo. Parte das empresas fluminenses informou estar investindo em tecnologia, capacitação de equipes e estratégias de fidelização de clientes.
Clima de cautela e incerteza
Os dois levantamentos revelam que o setor vive um momento de forte cautela e desconfiança, mesmo com esforços de modernização e ganho de eficiência. A queda de confiança pode impactar decisões de investimento, ampliação de frota e geração de empregos, segundo a CNT.
“Esse indicador é uma ferramenta útil para antecipar o comportamento do setor e deve ser usado como insumo para a formulação de políticas públicas que favoreçam o ambiente de negócios”, destaca a entidade no relatório.
Ambas as sondagens ponderaram as respostas com base no porte das empresas — micro, pequenas, médias e grandes — utilizando dados da RAIS 2021. A margem de erro da amostra em SP é de 6,1 pontos percentuais e no RJ, de 7,8 pontos, com nível de confiança de 95%.
Para conferir a pesquisa completa, clique nos links abaixo:
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