O setor de transporte e logística encara um cenário cada vez mais desafiador no Brasil. Além dos juros elevados, que inibem investimentos, o envelhecimento da frota e a falta de motoristas têm pressionado as margens de lucro e a produtividade das empresas. Diante desse contexto, a tecnologia deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade estratégica para garantir a sustentabilidade dos negócios.
A avaliação é de Marcelo Rodrigues, presidente do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região). Durante participação na abertura do Frotas Conectadas 2025, evento que ocorre até esta quarta-feira (18), no São Paulo Expo, Rodrigues destacou que a conectividade, a digitalização e o uso de soluções embarcadas têm papel fundamental na redução de custos operacionais e no aumento da eficiência das frotas.
“O empresário entende que a conectividade e as tecnologias embarcadas ajudam a reduzir custos com combustível, manutenção e melhorar a produtividade. Mas há uma questão estrutural que é o fator humano. Toda essa transformação depende, sobretudo, do motorista”, afirmou.
Segundo ele, a idade média elevada dos motoristas é um dos entraves para a adoção plena das tecnologias no transporte. “Estamos chegando a uma idade média de 55 anos entre os motoristas. E isso traz um desafio enorme, porque nem todos estão adaptados ou receptivos às novas ferramentas digitais, aplicativos, telemetria ou sistemas de gestão embarcada”, explicou.
Locação de caminhões
Além da questão da mão de obra, o presidente do Setcesp chamou atenção para as dificuldades financeiras do setor. A taxa de juros alta e o endividamento crônico das empresas têm levado muitos empresários a postergar a renovação de frota e a optar, quando possível, por contratos de locação para atender demandas específicas.
“O empresário só investe quando tem segurança. Hoje, com o volume de carga retraído e os juros nos patamares atuais, a decisão de compra é muito difícil. Alguns até recorrem à locação, mas nem isso tem sido suficiente, porque os contratos também estão caros. Quem investe hoje ou tem capital próprio ou precisa de um contrato muito bem estruturado para justificar esse aporte”, disse.
Essa conjuntura tem, na prática, acelerado o envelhecimento da frota brasileira. “Temos veículos rodando há mais de 15 anos em perfeitas condições operacionais, mas isso é reflexo de um mercado que não consegue se capitalizar com facilidade”, destacou Rodrigues.
Para ele, a saída está na combinação entre investimento em tecnologia e qualificação profissional. “A última linha do nosso negócio chama-se motorista. Se ele estiver bem treinado e tecnologicamente capacitado, ele carrega essa transformação com ele. Caso contrário, qualquer investimento feito em tecnologia se perde”, concluiu.
O Frotas Conectadas 2025 chega à sua décima edição consolidado como o maior evento da América Latina dedicado à integração entre tecnologia e transporte. O encontro reúne fabricantes, fornecedores de soluções, operadores logísticos e gestores de frotas para discutir temas como eficiência operacional, segurança, sustentabilidade e transformação digital no setor.
As inscrições são gratuitas e ainda estão abertas no site oficial do evento (veja aqui). O encontro acontece no Pavilhão 4 do São Paulo Expo, das 8h30 às 18h30, e se firma, nesta décima edição, como o principal fórum de inovação e mobilidade aplicada à logística na América Latina.
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