Iniciativa privada deve responder por 72,2% dos investimentos de infraestrutura em 2025

Estudo inédito da CNI estima que a infraestrutura no país deve receber neste ano R$ 277,9 bilhões, que serão aplicados em transportes, energia e saneamento, e representará 2,21% do PIB

Redação

A infraestrutura no país deve receber R$ 277,9 bilhões neste ano, segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e os investimento privados devem responder por 72,2% do valor total, sobretudo em energia, transportes e saneamento.

Desde 2019, o capital privado responde por mais de 70% dos recursos destinados à infraestrutura e logística no Brasil. No ano passado a iniciativa privada respondeu por 70,5% dos R$ 266,8 bilhões investidos, segundo os dados, encomendados à Inter B Consultoria. Os maiores aportes foram feitos nos setores de energia elétrica (R$ 112,8 bilhões), transportes (R$ 84,6 bilhões), saneamento básico (R$ 41,1 bilhões) e telecomunicações (R$ 28,3 bilhões).

Apesar dos avanços observados nos últimos anos, a infraestrutura nacional ainda precisa superar deficiências para colocar o país em condições de concorrer internacionalmente e garantir a efetiva inclusão nas cadeias globais de valor. Entre as principais dificuldades, estão entraves regulatórios, demora no processo de licenciamento ambiental e investimentos insuficientes. “O crescimento dos investimentos públicos e privados é, sem dúvida, uma etapa importante para promover a adequação da infraestrutura no país, mas não é suficiente”, afirma Ricardo Alban, presidente da CNI.

Segundo Alban, ambiente de negócios deve ser mais atrativo. “Hoje, lidamos com juros altíssimos, que desestimulam o investimento produtivo e encarecem o crédito. São dois dos maiores problemas do Custo Brasil, que freiam nossa capacidade de modernizar a infraestrutura. E uma infraestrutura melhor reduz desigualdades, traz competitividade e impulsiona o crescimento da economia.”

Investimento aumentou em relação ao PIB

Em 2024, os investimentos em infraestrutura – somados púbico e privado – corresponderam a 2,27% do Produto Interno Bruto (PIB), alta de 0,24 ponto percentual do PIB em relação ao início do quadriênio 2021-2024. Para 2025, o estudo projeta investimento na ordem de 2,21% do PIB, com avanços nos setores de saneamento básico e transportes, além de pequenos incrementos em telecomunicações e em energia elétrica.

Para Roberto Muniz, diretor de relações institucionais da CNI, o principal desafio é mobilizar mais recursos privados e melhorar a governança dos investimentos públicos, que devem ser direcionados para onde forem maiores os retornos para a sociedade. “O crescimento da participação privada precisa estar ancorado num ambiente de negócios que ofereça um horizonte de estabilidade macroeconômica no médio e longo prazo, baixos custos de transação e menores barreiras setoriais à entrada, garantindo maior competição e mobilidade no mercado de infraestrutura”, afirma Muniz.

Recomendações da indústria

O estudo da CNI elencou os gargalos que dificultam o avanço da infraestrutura nacional e buscou alternativas para acelerar os investimentos e solucionar o déficit do setor no Brasil. Oito pilares foram listados como essenciais para a modernização da infraestrutura brasileira, levando a ganhos de bem-estar para as famílias e competividade para as empresas, além de redução da desigualdade social. Confira:

  • 1. Tornar o investimento em infraestrutura uma política de Estado e garantir sua melhor governança.
  • 2. Ampliar de forma responsável (respeitando as restrições fiscais) e com racionalidade econômica os investimentos públicos, direcionando-os para projetos de maior retorno para a sociedade.
  • 3. Assegurar que o planejamento de governo seja rigoroso nos critérios de escolha de investimentos, públicos e PPPs, incluindo uma análise do custo-benefício dos projetos e cálculo da taxa social de retorno.
  • 4. Garantir maior segurança jurídica para os investimentos privados, com clareza, transparência, estabilidade e obediência às regras e sua aplicação.
  • 5. Aprimorar a regulação do setor de infraestrutura, reforçando o papel das agências reguladoras, sua autonomia técnica e administrativa, protegendo-as de interferência política.
  • 6. Ampliar a participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos de infraestrutura.
  • 7. Fortalecer o papel do BNDES como estruturador de projetos sustentáveis de infraestrutura, assegurando maior resiliência frente às mudanças climáticas.
  • 8. Apoiar a expansão gradual dos investimentos em infraestrutura até que seja atingido o patamar de ao menos 4% do PIB.

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