Mariana Marcondes, gerente de vendas de peças de reposição da Cummins: “A previsão é de manter os 20% de representatividade das exportações em 2025”

A fábrica brasileira envia peças e motores para a rede de distribuidores na América do Norte, Europa, Ásia e países da América do Sul, e o México continua como o principal mercado em 2025, concentrando o maior percentual dos volumes destinados ao exterior, segundo a gerente

Sonia Moraes

Transporte Moderno – Quanto as exportações representam para a Cummins?

Mariana Marcondes – No ano passado, as exportações representaram 20% do total produzido pela companhia e a Cummins tem sido reconhecida internacionalmente pela qualidade e eficiência da operação brasileira. A empresa faz a sua parte em mostrar como se prepara para atender às demandas globais com tecnologia, prontidão industrial e capacidade de produzir com qualidade, entregando em um lead time compatível com o restante do mundo.

Transporte Moderno – Qual a expectativa para as exportações neste ano?

Mariana Marcondes – A exportação é considerada uma alavanca importante não só para a Cummins, mas para o Brasil, contribuindo diretamente para a competitividade da operação local. A previsão é de manter os 20% de representatividade das exportações em 2025.

Transporte Moderno – Quanto representa o mercado de reposição nas exportações da empresa?

Mariana Marcondes – Apesar da presença consistente no mercado internacional, a reposição representa uma parcela menor no total exportado pela companhia. O centro de distribuição de peças (PDC) da Cummins no Brasil envia peças e motores para a rede de distribuidores na América do Norte, Europa, Ásia e países da América do Sul, contribuindo para a eficiência do atendimento pós-venda e o fortalecimento da presença global da marca. No caso dos motores, as exportações para o mercado de reposição ocorrem principalmente na América Latina por meio dos distribuidores, reforçando o suporte ao pós-venda na região.

Transporte Moderno – Qual é o principal mercado de exportações da empresa?

Mariana Marcondes – Entre os países atendidos pelas exportações da Cummins Brasil, o México continua como o principal mercado em 2025, concentrando o maior percentual dos volumes destinados ao exterior. Mesmo diante de um cenário desafiador, com ajustes regulatórios e sobrestoque em 2024, com a adoção da norma Euro 6 que impactou os volumes exportados, o país continua sendo um importante destino para motores produzidos localmente, com cerca de 44% das exportações direcionadas a um cliente estratégico da região. Esse desempenho reforça a relevância da operação brasileira na estrutura global da Cummins e a capacidade de atender mercados com exigências técnicas e regulatórias avançadas.

Transporte Moderno – E os Estados Unidos?

Mariana Marcondes – O comportamento da economia dos Estados Unidos será um fator decisivo, dependendo de como o país vai consolidar seu crescimento ou enfrentar possíveis reveses.

Transporte Moderno – A Cummins tem meta estabelecida para aumentar as exportações?

Mariana Marcondes – A Cummins está constantemente avaliando oportunidades para ampliar sua presença global por meio das exportações. Mais do que estabelecer um número fixo, nosso foco está em manter a prontidão industrial, a excelência operacional e a flexibilidade necessária para atender com qualidade os mercados internacionais à medida que surgem demandas consistentes. A exportação é uma alavanca estratégica para fortalecer a competitividade da operação brasileira, e qualquer expansão será orientada por fatores como condições regulatórias, necessidades dos clientes e a capacidade de produção com eficiência.

Transporte Moderno – A Cummins avançou suas exportações para outros mercados?

Mariana Marcondes – Além dos mercados tradicionais como Canadá, Estados Unidos, México e Europa, a Cummins tem avançado de forma estratégica para outros destinos. Em 2024, registramos volumes, ainda que modestos, direcionados à Índia e à Austrália por meio de operações intercompany, demonstrando a capacidade da planta brasileira de atender diferentes regiões conforme a necessidade global da empresa. Esses embarques reforçam o papel da unidade do Brasil como parte ativa na cadeia de fornecimento internacional da Cummins e mostram o potencial de crescimento em novos mercados. Ainda que pontuais, essas exportações contribuem para fortalecer a presença global e abrir caminho para futuras oportunidades fora dos destinos mais consolidados.

Transporte Moderno – As exportações são diretas para as filiais da Cummins ou para as montadoras nestes países?

Mariana Marcondes – As exportações da Cummins Brasil estão bem equilibradas entre os volumes destinados diretamente a montadoras internacionais (OEMs) e aqueles enviados para outras unidades da companhia por meio de operações intercompany. Essa divisão permite atender tanto demandas específicas de clientes em diferentes regiões quanto necessidades estratégicas da própria estrutura global da Cummins. Em 2025, essa distribuição segue em equilíbrio, refletindo a flexibilidade da fábrica brasileira para atender múltiplos mercados e diferentes perfis de demanda com qualidade, agilidade e conformidade técnica.

Transporte Moderno – O que a Cummins tem feito para vencer a concorrência nestes mercados?

Mariana Marcondes – Para enfrentar a concorrência e proteger seus mercados, a Cummins tem fortalecido seus canais autorizados de distribuição e vendas de peças, promovendo a importância de adquirir produtos genuínos com procedência garantida. Uma das iniciativas globais foi o lançamento de novas embalagens com etiquetas de segurança que incluem holograma e QR Code, facilitando a verificação de autenticidade pelo usuário final.

Além disso, a companhia mantém uma equipe dedicada na China exclusivamente ao combate à falsificação. Esse time atua em parceria com as autoridades locais para identificar, apreender e retirar de circulação tonelada de materiais falsificados — como peças, componentes, embalagens, plaquetas e etiquetas —, contribuindo diretamente para o encerramento das atividades de empresas ilegais. A segurança é um valor fundamental para a Cummins. Por isso, essa preocupação está presente em toda a cadeia, com foco na proteção dos nossos clientes e na entrega de soluções confiáveis e de alta qualidade ao mercado.

Transporte Moderno – Qual a estratégia para garantir maior competitividade da empresa no exterior?

Mariana Marcondes – A competitividade da Cummins no exterior não depende de escolher entre investir em tecnologia ou aumentar a capacidade produtiva, pois são frentes complementares. A competitividade vem da combinação entre inovação tecnológica, excelência operacional e capacidade de escalar a produção com qualidade. A empresa tem investido em tecnologias que aumentam a eficiência dos produtos e processos e em prontidão industrial, o que permite responder com agilidade às demandas dos mercados globais. Essa integração entre modernização e estrutura produtiva robusta é o que sustenta o desempenho internacional.

Transporte Moderno – Quanto a Cummins investiu para ampliar as suas exportações?

Mariana Marcondes – A Cummins tem impulsionado sua presença internacional por meio de ações concretas voltadas à excelência operacional, à inovação e à proximidade com os clientes. Um exemplo é o fornecimento para grandes clientes globais por meio de exportações diretas, além das intercompany, reforçando a relevância da operação brasileira na estratégia global da companhia. Parte desse avanço é sustentado pelo investimento contínuo em tecnologia.

São aproximadamente R$ 50 milhões aplicados anualmente em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, permitindo o aprimoramento constante dos produtos, processos e soluções oferecidas aos mercados mais exigentes. Nossa competitividade também se apoia em uma estrutura produtiva robusta, com foco em qualidade, agilidade e confiabilidade. Além disso, temos um time comprometido com o entendimento das demandas dos clientes e com a entrega de soluções sob medida, fortalecendo ainda mais nosso posicionamento no cenário global.

Transporte Moderno – O que é preciso para vencer os entraves que atrapalham a competitividade das empresas no mercado internacional?

Mariana Marcondes – A Cummins acredita que o Brasil tem grande potencial para ampliar sua participação no mercado internacional, mas é necessário avançar em pontos estruturais para a indústria ser competitiva plenamente, não somente do portão para dentro. Um dos principais desafios é a dependência de importação de determinados materiais, o que nos leva à necessidade de fortalecer e diversificar ainda mais a base de fornecedores locais.

Desenvolver uma cadeia de suprimentos nacional mais robusta e tecnicamente preparada é fundamental para reduzir custos, ganhar agilidade e mitigar riscos. Além disso, fatores como a complexidade do sistema tributário brasileiro, com regras que variam entre estados e uma carga elevada, continuam sendo entraves significativos. A falta de uniformidade e previsibilidade nos tributos impacta diretamente o planejamento, a formação de preços e a capacidade de competir em igualdade de condições com outros países. 

As regulamentações em torno de produtos remanufaturados, impedindo a importação de determinados produtos e de matéria-prima para esse processo, como componentes usados, também são um grande entrave para a exportação. Superar esses obstáculos exige um esforço conjunto entre setor produtivo e governo, com políticas públicas que estimulem a industrialização, simplifiquem o ambiente de negócios e incentivem as exportações como vetor estratégico de crescimento.

Na Cummins Drivetrain and Braking System (CDBS), as exportações já respondem por 10% do faturamento no segmento de aftermarket. As peças relacionadas a eixos, comercializadas com a marca Meritor, são destinadas aos principais mercados da América do Sul, segundo Leandro Carvalho, diretor de aftermarket CDBS América Latina.

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também