Indústria de implementos rodoviários cresce 2,9% em maio, mas acumula queda no ano

Segmento de leves sustenta desempenho positivo, enquanto o de pesados recua mais de 18% até maio; Anfir mantém projeções para 2025 apesar da retração

Aline Feltrin

A indústria brasileira de implementos rodoviários encerrou o mês de maio com crescimento de 2,9% no volume de emplacamentos, totalizando 12.490 unidades frente às 12.139 registradas no mesmo mês de 2024. Apesar do avanço pontual, o setor acumula queda de 2,43% no ano, com 60.495 produtos entregues de janeiro a maio, ante 62.001 no mesmo período do ano passado. Mesmo com a retração, a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) decidiu manter suas projeções para o desempenho do setor em 2025.

A retração no acumulado do ano foi puxada pela forte queda de 18,02% no segmento pesado, que inclui reboques e semirreboques. Produtos como graneleiros/carga seca (-38,52%) e basculantes (-36,48%) registraram os piores desempenhos, refletindo um cenário adverso para investimentos em transporte de carga de grande porte. A única linha de peso com resultado positivo foi a de baús carga geral, com alta de 41,77%.

“Estamos convivendo com juros altos, aumento do IOF e um ambiente macroeconômico que afasta investimentos e gera insegurança entre transportadores”, afirma José Carlos Spricigo, presidente da Anfir. Ele acrescenta que o setor ainda não recebeu medidas de estímulo que favoreçam a retomada dos negócios.

Os números da indústria acompanham o fraco desempenho da economia nacional. A produção industrial brasileira avançou apenas 0,1% em abril, segundo o IBGE, abaixo da expectativa de 0,5%. Já as vendas de caminhões caíram 1,6% no acumulado do ano, conforme dados da Fenabrave — outro fator que impacta negativamente a demanda por implementos pesados.

Segmento leve segue como motor do setor

A sustentação do setor em maio veio do segmento leve, que registrou crescimento de 23,5% no mês (6.578 unidades em 2025 contra 5.326 em 2024) e alta de 20,6% no acumulado do ano. Foram 30.191 implementos leves emplacados de janeiro a maio, frente a 25.034 unidades no mesmo período do ano anterior.

“Estes números são muito positivos frente ao momento econômico e geopolítico que vivemos. As mudanças nas ‘famílias’ de produtos continuam favorecendo o crescimento de fabricantes bem posicionados em furgões carga geral e frigorificados”, comenta Spricigo.

Apesar do cenário de retração no segmento pesado, a Anfir mantém sua previsão para 2025: entre 70 mil e 74 mil unidades emplacadas para o segmento pesado (queda de até 18% no ano) e 80 mil unidades para o segmento leve, o que representaria um crescimento de aproximadamente 15%.

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também