Mercado de caminhões começa a contabilizar os efeitos das altas taxas de juros

Dos 46.255 caminhões vendidos até maio deste ano, os modelos pesados, que têm 50% de representatividade, tiveram redução de 14,1% e na produção a queda foi de 10,6%

Sonia Moraes

O mercado de caminhões começa a sentir os efeitos da alta taxa de juros, que impacta no custo do financiamento. Em maio, a venda de 9.161 caminhões ficou 2,0% abaixo de abril (9.345 unidades) e 4,0% inferior a maio do ano passado (9.547 unidades), segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a maio deste ano, a retração nas vendas foi de 1,1%, com 46.255 veículos emplacados, ante 46.785 unidades no mesmo período de 2024. “Esse número só não teve uma queda maior porque os modelos semipesados, médios e leves cresceram até maio e ajudaram a minimizar o impacto que as montadoras estão tendo no segmento de pesados, cuja queda é 14,1%”, disse Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea.

De modelos pesados, foram vendidas 21.164 unidades até maio deste ano, 14,1% abaixo de igual período de 2024. Os semipesados tiveram aumento de 15,7%, com 14.211 unidades, os médios de 18,7%, com 4.201 unidades e os leves de 9,8%, com 4.067 unidades. Somente os semileves tiveram redução de 0,6%, chegando a 2.612 unidades. “Essa queda é muito influenciada pela distribuição urbana e esses modelos são substituídos por um comercial leve”, explicou Saltini, destacando que a expectativa é que esses segmentos continuem crescendo, o que não reduz a preocupação porque os pesados têm grande representatividade nas vendas, respondendo por 50% das vendas, e em maio caiu para 41%. “Apesar da safra recorde, o transportador não está renovando a frota, mas esperando alguma mudança, e que a taxa de juros tenha redução”, disse Saltini.

O vice-presidente da Anfavea comentou que historicamente o que vende caminhão é PIB. “Percebemos que ainda há uma movimentação no mercado porque PIB está positivo, mas o ambiente de negócio é desafiador porque as taxas continuam altas. O IOF foi uma surpresa e ainda não impactou em maio, mas estou confiante de que esta medida será readequada e os impactos serão minimizados porque isso não é bom para o país.”

Ranking de vendas

No ranking do setor. a liderança ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, com a venda de 11.651 caminhões de janeiro a maio deste ano, 0,4% a menos que no mesmo período de 2024 (11.696 unidades). O segundo lugar é ocupado pela Mercedes-Benz, com 10.848 veículos comercializados no país, 15,7% acima dos cinco meses de 2024 (9.373 unidades) e o terceiro pela Volvo, com 8.352 veículos emplacados, 1,2% inferior ao período de janeiro a maio de 2024 (8.457 unidades).

A Scania, quarta colocada, vendeu 5.830 caminhões até maio, 24,4% abaixo do que nos cinco meses do ano passado (7.714 unidades), e a DAF, que está em quinto lugar, comercializou 3.359 caminhões de janeiro a maio, 11,6% abaixo dos cinco meses de 2024 (3.800 unidades). A Iveco, que ocupa o sexto lugar, vendeu 3.437 veículos, 11,8% a mais que janeiro a maio de 2024, quando o volume totalizou 3.073 unidades.

Produção

A produção de caminhões manteve o resultado positivo, tendo em maio 12.327 veículos produzidos, o que representou aumento de 11,9% em relação a abril deste ano (11.020 unidades) e de 10,3% sobre maio de 2024 (11.172 unidades).

No acumulado de janeiro a maio deste ano, as montadoras produziram 55.078 caminhões, aumento de 5,6% sobre o mesmo período de 2024, quando foram fabricados 52.155 veículos.

De toda a produção nos cinco meses deste ano, a de modelos pesados teve queda de 10,6%, somando 28.323 unidades. Os semipesados aumentaram 32,5%, chegando a 16.183 unidades, os médios cresceram 187,3%, com 2.836 unidades e os leves 6,7%, totalizando 7.411 unidades. Somente os semileves tiveram redução de 0,3% na produção, somado 325 unidades.

Exportações

As exportações tiveram resultados positivos, tendo em maio 2.831 veículos embarcados, aumento de 32,2% em relação a abril (2.141 unidades) e de 119,8% na comparação com maio de 2024 (1.288 unidades).

No acumulado de janeiro a maio deste ano, as montadoras exportaram 10.919 caminhões, 88,3% a mais que no mesmo período de 2024, quando foram comercializados 5.798 veículos no mercado internacional.

De modelos pesados, foram exportados 6.502 caminhões de janeiro a maio deste ano, 92,9% a mais que no mesmo período de 2024, e de semipesados foram 2.464 unidades, com crescimento de 48,3%.

Os caminhões leves tiveram 1.474 unidades exportadas até maio deste ano, aumento de 193,6%, e os médios somaram 362 unidades, alta de 196,7%. Os semileves reduziram os embarques em 17,0%, com o total de 117 unidades.

Em CKD (veículos desmontados) as exportações reduziram 5,21% de janeiro a maio deste ano, totalizando 3.024 unidades, ante os 3.191 veículos embarcados no mesmo período de 2024.

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